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Uma grande vitória poder divulgar o nosso projeto!
A OFICINA DE LEITURA E CRIAÇÃO LITERÁRIA
3A. IDADE CLARETIANAS FOI UM DOS PROJETOS SELECIONADOS PARA APRESENTAÇÃO NO III FÓRUM DO PLANO NACIONAL DO LIVRO E DA LEITURA E NO III SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECAS, EM AGOSTO DE 2010.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Exercício Dilema Ético IV

Sonhos de meninos - Alice Ferreira

Na pequena cidade de Martelândia, um grupo de meninos, na faixa etária entre 8 a 12 anos aproximadamente, eram internos do Orfanato “Bem te Quero”. Estes sonhavam um dia retornar às suas famílias de origem. Famílias humildes, sem condições econômicas para educá-los; na maioria tendo somente um ou uma mantenedora. Nenhum com família completa de pai e mãe.

A ansiedade destes pequenos era tão grande que, um dia resolveram por o pé na estrada.

Começa aí a grande aventura dos meninos sonhadores. Fugiram do Orfanato, andando a pé, só com a roupa do corpo, sem alimentação e com objetivo definido: a casa dos familiares, por mais desmantelada que fosse.

Como seu destino de origem estava muito longe, resolveram parar na cidade de “Costa de Tina”, descansar, pois estavam com fome e desidratados. Quem os encontrou foi um Comissário de Menores, que os encaminhou ao Delegado de Polícia, pois já era tarde da noite.

Os meninos ficaram instalados em uma das celas vazias da Delegacia, dormindo no chão, sem alimentação e nada para cobrir seus corpinhos sujos e cansados.

No dia seguinte de manhã, o Comissário de Menores procurou a Assistente Social da cidade que atuava no Projeto de Menores, para que tomasse as devidas providências.

Entrou na ação toda a estrutura da Instituição Regional e a sede que ficava na capital do estado.

A Assistente Social, segundo orientações de sua Coordenação e Diretoria Técnica, teve 24 horas para retirar o grupo de meninos da Delegacia, levá-los para a sede do Projeto local, alimentá-los e encaminhá-los de volta ao Orfanato.

A ordem teve que ser cumprida. A Assistente Social e Coordenadora do Projeto Administrativo acompanhou o grupo dos pequenos sonhadores de volta ao Orfanato “Bem te Quero”

PARA REFLETIR:- Enquanto muitos sonham em ganhar grandes somas em loterias e ficarem ricos, estes pequeninos só sonhavam estarem com suas famílias, queriam “colo de mãe” .

O fato aconteceu realmente, com mais desdobramentos angustiantes. Em virtude de ética, mudou-se nome da cidade, do Orfanato e outras peculiaridades.


Reforma da natureza e o gene terminator - Vera Gracia Lorenzon Ferreira

O homem nômade se alimentava com o que encontrava na natureza.

Com sua experiência de “erros e “acertos”, foi domesticando os animais, diferenciando plantas comestíveis das venenosas, organizando-se em grupos sedentários, foram surgindo os povoados, as vilas e as cidades; a produção de alimentos sempre aumentando. Com o desenvolvimento cultural, o homem começou a diversificar sua alimentação, passando a usar microorganismos na preparação do pão e do vinho.

Experiência do Padre Gregor Mendel, há mais de duzentos anos, com saborosas “ervilhas”, deu início aos estudos de genética na alimentação e nutrição. A partir de então, conseguiu-se enorme avanço na produção de alimentos, para os homens e para os animais. Novas variedades de arroz e trigo, os cereais mais produzidos e consumidos no mundo, foram desenvolvidas.

Através da transferência de caracteres ou genes, que estão no DNA de cada célula de todo ser vivo, eis o surgimento de uma nova espécie de planta ou animal!

Eis o HOMEM se arvorando em CRIADOR!

Atualmente, grande empresas químico-farmacêuticas investem fortunas para criação de variedades de sementes e novos medicamentos, através da transferência de caracteres genéticos de uma espécie para formar outra espécie; dando surgimento aos AGM=Alimentos Genéticamente Modificados e OGM=Organismos Genéticamente Modificados .

Porém, por terem sido “criados” em laboratório estes AGM/OGM são patenteados por suas empresas criadoras e só podem ser reproduzidos por seu “dono”; ou seja, o agricultor que precisar da semente de uma planta ou o pecuarista que necessitar reproduzir cria de animal, terá que comprá-la destas empresas multinacionais, como a Monsanto ou Monsatã, como está sendo denominada. Por exemplo: a soja transgênica (da Monsanto) é resistente ao herbicida Roundup (da Monsanto) e o agricultor terá que adquirir a semente e o herbicida desta empresa, o que configura venda casada, que o governo diz ser proibida, mas o governo terá voz diante das multinacionais ?

E isto é só a ponta do iceberg, pois as pesquisas não param e a cada dia criam-se mais e mais produtos, “viciando-os” com o “seu herbicida”, com o “seu antibiótico”, sem se preocuparem com a inevitável contaminação e envenenamento da natureza...

Como estas empresas são muito “espertas” e não cogitam em perder nenhum centavo de dólar de seus polpudos investimentos, já planejam a criação de um gene denominado “gene terminator”, que incorporado às sementes, deixam-nas estéreis, obrigando o agricultor a adquirir novas sementes sempre que for fazer o plantio, destruindo todo um patrimônio genético de sementes criado até agora pela humanidade. . .

Finalizando, deixo como sugestão a leitura da obra escrita em 1952, por Monteiro Lobato a REFORMA da NATUREZA, em que há um interessante diálogo entre Dona Benta e Emília.


A solução de um dilema – Letícia Brunelli

Minha história precisa ser narrada. Precisa ficar registrada como um alerta para a sociedade. Mas como? Talvez seja tarde demais!

Meu nome é Flora Mendes e tenho uma filha de dezenove anos, que faz faculdade em Belo Horizonte. Fui morar em Penedo, cidadezinha pacata, mas muito hospitaleira,quando procurei emprego, após ficar viúva, ano passado. A cidade é cortada pelo Rio Capim Santo, um dos afluentes do Rio São Francisco. Tinha conseguido uma colocação na “Indústria de Papel Wallpaper” no setor de minha profissão, pois sou Engenheira Química.

Não faz um mês, fui alertada por um funcionário que o tanque de decantação e tratamento do esgoto da fábrica apresentava um sério vazamento, que estava causando infiltração de produtos tóxicos no solo adjacente, que não era muito distante da margem do rio. Logo a contaminação alcançaria a água do rio, tão importante para a cidade, que ficaria irremediavelmente comprometido.

Encaminhei o problema para o setor de manutenção, que tentou, sem sucesso, saná-lo.

Era necessário parar o funcionamento de toda a fábrica para reformar o tanque, que recebia todo o esgoto dela, para ser tratado, pois ele estava comprometido com várias rachaduras.

O problema, em seguida, foi levado ao Diretor da Empresa. Ele respondeu que iria chamar um engenheiro para avaliar o assunto. Os dias se passaram. Ninguém apareceu para fazer a tal avaliação.

Eu só pensava nas consequências daquele incidente. O produto tóxico se espalhava e a contaminação das águas era um fato eminente.

Ninguém ficou sabendo de nada; o diretor tinha nos pedido sigilo para não causar pânico. E ninguém percebia nada, pois a infiltração no solo não era visível, estava abaixo da superfície.

No começo dessa semana, voltei a reclamar uma providência. Em troca, recebi ameaças. A princípio, veladas, mas depois bem mais explícitas, quando falei que iria delatar o fato às autoridades, caso não fosse logo resolvido.

O fim de semana chegou.

O sábado amanheceu um lindo dia! Mas a chegada do carteiro, trazendo uma carta inesperada, transformou meu dia numa agonia! A carta trazia uma terrível ameaça contra minha pessoa. É lógico que era anônima, mas eu sabia de onde vinha...

Como a ganância pode ser tão maléfica! Como ela pode vir antes do bom senso e até da humanidade! Ponderei que a paralisação da fábrica geraria grandes prejuízos. Quem sabe, ela teria que mudar para outro município, até! Ou teria que dispensar vários funcionários!

Mas, e a poluição do rio? Também não afetaria a vida e a saúde de milhares de pessoas? E todo o ecossistema fluvial? Não iriam morrer peixes? A fauna e a flora da região também não ficariam afetadas?

O conflito se instalou em mim. Eu não poderia me calar diante da situação, nem como pessoa, nem como profissional, nem como cidadã, nem como mãe!

A noite foi de angústia e medo! O sono veio após um turbilhão de preces e ideias que povoavam minha mente. Enfim, meu corpo teve um breve e merecido repouso.

Hoje é domingo! O sol lá fora escancara a paisagem, que, assim como eu, vai acordando sonolenta e preguiçosa...

Cerro novamente os olhos e relembro a aflição da véspera. A carta . O conflito que se apossou de mim.

Abro os olhos! Eu já sabia o que iria fazer: vou registrar queixa; não vou contar minhas suspeitas, mas preciso procurar proteção! A lembrança da ameaça renovou meu medo, mas não posso me calar.

Segunda-feira vou procurar uma amiga minha advogada. Me informarei como posso levar às autoridades uma petição para que seja feita uma sindicância, para avaliar uma possível contaminação das águas do rio.

Sei o que vou enfrentar. Irei, sem dúvida, perder meu emprego.

Mais tarde, tentei registrar uma queixa na Polícia Civil. Procurei a delegacia, onde fui orientada a procurar a P.M. Quando fui lá, me mandaram de volta para a delegacia.

Antes de chegar lá, fui morta com três tiros à queima-roupa, disparados de uma moto, com dois rapazes de capacetes!

Minha esperança, é que este fato seja motivo de uma investigação e que sirva para solucionar o meu DILEMA.

Uma futura reportagem certamente noticiará:

JOVEM É MORTA APÓS DENUNCIAR AMEAÇA à POLÍCIA / da Agência Folha

Ela tentou registrar queixa na Polícia Civil e na PM, em Penedo, no domingo à tarde. Não conseguiu. Três horas depois, Flora Mendes foi morta a tiros por indivíduos desconhecidos. A ameaça ocorreu através de uma carta anônima. Flora procurou a delegacia e foi orientada a procurar a P.M. Mas lá foi mandada de volta à delegacia. Antes disso, foi morta. Um plantonista da delegacia disse que não há estrutura para atender casos como o de Flora, que são enviados à PM, que informou que não tinha policiais para atender a ocorrência. Um inquérito vai apurar o caso.

(A narrativa de D. Letícia é inspirada em fatos recentes, noticiados pelos jornais; vale como um alerta e como uma homenagem à mulher que não teve tempo para ser ouvida pela polícia do seu Estado).

Dilema Ético – Geni Bizzo

Frederico e eu percorremos o caminho ladeado por acácias carregadas de cachos dourados, comuns nos meses de novembro, e que nas manhãs de clima ameno exalam um suave perfume.

Converso com Frederico, mas ele não responde. Pudera, Frederico é meu fusca vermelho, companheiro constante em minhas idas para o trabalho, uma indústria de produtos químicos e de equipamentos para tratamento de água para caldeiras. A Engeltec – esse é o nome da empresa – fica próxima à rodovia, às margens do pequeno rio Baguaçu, que abastece a cidade Santo Antonio do Aracanguá.

Nessas minhas pequenas viagens diárias, vou conversando com o Frederico, mesmo com o risco de ser chamada de doida por pessoas que encontro no trajeto e que podem perceber o “diálogo” animado com meu amigo. “Coitada, falando sozinha..”, diriam elas.

Evito a rodovia. Sigo por um caminho de terra que mais parece uma picada tortuosa. Frederico não reclama. Conhece as pedras do caminho e aprendeu a desviar dos buracos que enfeitam a estrada com suas formas arredondadas. Na paisagem, algumas palmeiras com seus cachos amarelinhos de coquinho babão parecem querer competir com as acácias. Mais além as paineiras estalam suas bolotas sob o sol escaldante e forram o campo com suas plumas, verdadeiras neve de verão. Alguns animais pastam calmamente, alheios aos passarinhos que, agarrados aos seus lombos, se refastelam com os parasitas.

Continuo observando a paisagem, como sempre faço. Mas uma sombra de nostalgia anuvia meu semblante. O dia hoje tem cheiro de despedida. Pode ser minha última viagem. Tento, em vão, não pensar no que vai acontecer depois de hoje.

Explico melhor: sou engenheira química. Eu e mais de duzentas pessoas dependemos da Engeltec para viver. Dias atrás, observei uma avaria num dos condutos que dá passagem a um líquido tóxico que, se despejado na natureza, irá contaminar o meio ambiente. Para repará-la, seria necessário interromper todo o processo produtivo por um mês, no mínimo.

Comuniquei o fato ao presidente da empresa. Ele pediu que guardasse segredo, pois parar a fábrica iria significar a demissão de muitos funcionários, o que certamente iria acarretar uma crise local, numa região já tão carente de empregos.

Mas me calar significa permitir que não se corrija a avaria. Significa aceitar o vazamento do líquido tóxico, com a previsível consequência: contaminação das águas do rio, prejudicando a vida aquática e os habitantes que usam suas águas. Se falar, serei despedida. Meu Deus, o que fazer?

Minha cabeça ferve. Há uma confusão de pensamentos e sentimentos conflitantes com o que aprendi e as necessidades do mundo moderno.

Por um lado, o rio que me traz muitas lembranças. Foi a escola de natação de meus irmãos e coleguinhas que, escondidos das mães, mergulhavam em suas águas, ignorando os perigos que corriam. Foi também o rio onde meu pai e vizinhos muitas vezes passavam os dias de domingo na pescaria animada que combinava lazer e necessidade. Pelo menos uma vez por semana, um peixinho fazia a festa na mesa.

Por outro lado, a dura realidade deste mundo que mudou, da população que cresceu muito e desordenadamente. A tecnologia foi aprimorada para atender às necessidades que surgem. E não podemos ficar com saudosismos, afinal, gostamos do conforto que ela oferece.

Como conciliar as duas situações? Os chefes de estados e homens da ciência trabalham no sentido de minimizar os efeitos nocivos do progresso, criando leis com mecanismos que obrigam as indústrias a preservarem o meio ambiente. Mas acidentes como este acontece, bem sabemos.

Fui educada de forma a sempre me posicionar. Meu saudoso pai, embora adepto de uma educação austera que não dava direito à réplica, dizia sempre que mais vale uma consciência tranquila do que deixar que o medo nos domine. Dizia ele que o medo não tem tamanho e pode nos acorrentar numa grande bola de neve.

No trajeto, vejo plantações de algodão e de milho, onde os pequenos agricultores lutam com os parcos recursos financeiros para tocar um roçado que depende totalmente da água do rio para irrigar suas roças.

Sentindo o cheiro doce das espigas que explodem, tomo uma decisão: vou comunicar ao meu presidente que farei chegar esse acontecimento até às autoridades competentes e à imprensa. Daí...

Seja o que Deus quiser.

Exercício Dilema Ético III

A semente de feijão - Rosemari Romão Correa Lecks

Nasci em uma cidade do interior de São Paulo, pouco conhecida. Cidade pequena que aos poucos foi crescendo, tinha rio, muito verde, tranquila, daquelas em que os vizinhos sentam nas calçadas à tarde. Também havia escolas, universidade e diversas empresas, inclusive multinacionais. Uma delas me chamara a atenção por ser alemã.

Minha infância foi das melhores, tive a oportunidade de ter muitos amigos na rua onde morava. Minha casa ficava na rua e a dos meus avós na avenida; elas se cruzavam nos fundos, então eu tinha dois quintais com árvores e uma goiabeira enorme. Brinquei muito na rua, chegava a ter mais de 30 crianças, tanto as meninas quanto os meninos aprendiam a empinar pipas, fazer balão, pega-pega. Isso durante a semana, aos domingos era missa e se meu pai não estivesse cansado, de bom humor, levava-me e às minhas irmãs para pescar, nadar, a gente ia ao rio de bicicleta.

Apesar de tantas atividades, minha atividade predileta era fazer experiências. Lembro-me de um dia chegar a casa com uma semente de feijão no algodão umedecido, já começando a sair o brotinho. Mas queria mesmo saber se no álcool aconteceria o mesmo. Naquela noite, minha mãe teve que ficar soprando meus dedos até de madrugada; é que eu também quis esquentar a semente de feijão, pra ela crescer mais rápido. Hoje, relembrando, talvez meu interesse pela empresa alemã tenha vindo desta experiência.

Terminado o curso primário e o ginásio, como era chamado na época, fui estudar química em uma escola técnica. Nem mesmo tinha acabado o curso e lá estava eu como estagiária e acreditem, na empresa alemã.

Iria começar a realização de alguns sonhos... Enfim, conseguiria fazer um produto que ajudaria as sementes germinarem mais rápido, com mais vitaminas, menos pragas e seria orgânico, pois matéria prima não faltaria com todo aquele verde da região.

Ao mesmo tempo começaram as decepções, pois a empresa alemã era especializada em agrotóxico químico; mesmo assim, após o estágio aceitei ser contratada. Ainda com algumas dúvidas, entre valores morais, necessidade do trabalho e ideais, somados com o incentivo dos meus pais, que diziam: - “Você tem tudo para crescer na empresa ...”, fui cursar a faculdade à noite e continuei trabalhando.

Foram quatro anos bem difíceis, mas compensou e, para orgulho dos meus pais, fui promovida a Engenheira Química da empresa.

Deixei para trás o crescimento do “meu feijão”. Descobri que para torná-lo melhor, teria que modificá-lo geneticamente. Com certeza cresceria mais rápido, teria mais vitaminas; bastaria injetar na semente o agrotóxico, que eu já conhecia bem, ao invés de pulverizar na planta adulta, assim ele não teria pragas.

Puxa! Poderia ter realizado um sonho e ainda ajudado a sanar a fome do mundo. Mas, o feijão deixaria de ser feijão e a fome do mundo não é pela falta de alimentos e sim pela má distribuição dele.

Passei a me dedicar exclusivamente aos agrotóxicos químicos, porém com muita responsabilidade e consciência. A produção é bem controlada, fiscalizo diariamente toda a tubulação; no rótulo das embalagens vão escritas todas as informações necessárias para que os agricultores possam utilizar de maneira correta, com menos riscos.

Certa manhã, fiscalizando uma tubulação próxima ao rio notei um vazamento. Quase entrei em pânico e informei, imediatamente, o diretor responsável. Porém veio a grande decepção; com a maior frieza o diretor disse para deixar como estava, pois segundo ele, a própria oxidação soldaria, pois não poderia parar aquele setor em hipótese alguma. A empresa perderia muito dinheiro e ainda me ameaçou, caso passasse a informação adiante.

Meu Deus! Será que esse “cara” não sabe das consequências?. Ele não foi criança, não nadou em rio? Não pescou? Acho que ele não entende de qualidade de vida, de gente.

Quem iria comer aqueles peixes, como as crianças nadariam em um rio contaminado e aquelas famílias que sobreviveriam com a venda de hortaliças, irrigadas pelo rio? Sem falar nos funcionários, em contato direto.

Começava outro dilema: Pedir a ajuda de meu pai? Ele poderia se sentir culpado ou decepcionado, com eu. Aceitar a teoria do diretor? Mas, o que fazer com os valores morais e a tal, ética, tão falada na faculdade.

Não! Eu não poderia deixar tudo isso para trás, pois em vez de “sementes de feijão”, se tratava de vidas humanas.

Quando consegui me refazer e pensar melhor, até mesmo rezar, para que houvesse uma saída, veio-me uma ideia: era inverno, com ele teria mais tempo, pois a produção cairia, as crianças não frequentariam o rio e o maior inimigo das hortaliças seria a geada.

Voltei aos livros, agora sobre leis, estudei qual seria o valor da multa, caso o órgão responsável viesse fiscalizar (até me deu vontade de avisá-los, mas, minha dignidade, não me permitiu). Poderia fazer um relatório sobre saúde, qualidade de vida, futuras gerações... Eles não entendem essa linguagem, mas as das cifras ($) sim.

Naqueles dias me transformei em advogada, delegada da receita, fiscal, até mesmo contadora . Fiz um relatório completo, cheio de cifras. Nas poucas palavras escritas, eu me propunha, como engenheira química, a produzir um produto orgânico, apenas para o tempo da restauração. Assim, o impacto ao meio ambiente seria menor e apesar do custo ser bem mais elevado, não se comparava com as despesas que incluí no relatório.

Enviei meu relatório direto para a central na Alemanha. Depois de alguns dias, recebi uma resposta favorável. Iriam enviar soldadores especializados para a restauração. No momento estou me desdobrando para conseguir o produto orgânico, que, com certeza irei conseguir, afinal, as goiabas brancas que eu apanhava e comia quando criança no meu quintal, não tinham nenhum bicho e também nunca viram agrotóxicos Pena que a goiabeira não exista mais...

História real - Adelaide Dalva. J. Garbuio

Hoje, dia 10 de março ,vou escrever algo que aconteceu para a Empresa Euclides Renato Garbuio.

Um caminhão carregado de combustível, que seria levado, até a usina em Santa Adélia, caiu numa represa. Foi um transtorno, pois a usina era da família Cancelco, gente que conhecíamos há muito tempo.

Depois de cair o óleo dentro da represa, foi muito trabalho para tentar retirar tudo. Foram meses e mais meses. Foram contratadas várias pessoas para estarem ajudando e até uma equipe da CETESB, esteve no local, avaliando. Enfim, graças a Deus, depois de tanto trabalho, represa foi totalmente recuperada.


Todos os dias, uma maçã com casca e o médico de ti se afasta – Rosemarie B. G. Bóbbo

É um conhecido ditado e deve ser seguido ... Mas, se trata aqui de maçãs boas, que não tenham sido especialmente manipuladas, para que produzam mais e cresçam maiores do que seu natural.

Na Alemanha, tínhamos um pomar imenso, com castanheiras, pereiras, macieiras, ameixeiras, etc. e plantávamos muitas batatas e ruibarbo (uma espécie de aspargos vermelhos, próprios para fazer doce). Tudo sem o mínimo agrotóxico, que, talvez, naquela época nem existisse.

Mais tarde, aqui no Brasil, havia um enorme bananal atrás da nossa casa e mexericas e todo o tipo de verduras na horta, que nosso jardineiro plantava.

Agora, nosso quintal tem o tamanho de uma piscina, mas ali meu marido plantou e estamos colhendo; temos dois limoeiros, dois mamoeiros, um pinheiro, muitas pimentas e agora, formando uma linda horta, tudo ao natural.

Sobre os transgênicos, que uns olham como sendo um progresso da ciência e outros percebem isso como sendo uma modificação das espécies de plantas para melhor eu quero distância... Prefiro tudo ao natural, como Deus tudo criou ... AMO A NATUREZA ... QUE O HOMEM ESTÁ QUERENDO DESTRUIR. “

“Depois que a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for envenenado vocês perceberão que dinheiro não se come.” Frase indígena.

A noite da decisão – Fátima

Noite fria. Como todos os dias, coloquei meus filhos em suas camas e me dirigi ao meu quarto. Mas esta noite era diferente das outras. Estava nervosa, ansiosa, receosa com o que vira na empresa onde eu trabalhava.

Sou engenheira química e havia descoberto um defeito no funcionamento das máquinas, que acarretaria sérios perigos e danos às pessoas e à natureza. Nasci numa cidade do interior como esta, na qual hoje eu estou morando devido ao meu trabalho. Foi uma opção e uma boa proposta de trabalho transferir-me para esta cidade, onde também poderia criar meus filhos com mais liberdade e mais felizes.

Adormeci pensando no problema e me perguntando o que fazer? O que decidir?

Sonhei. Estava na casa de vovó, onde eu passara os melhores momentos de minha vida. Além de todos os valores que eu adquiri convivendo com ela, vovó me ensinou muito mais: a necessidade de uma vida sadia, correta, o amor ao próximo, o amor à natureza e os cuidados com ela.

Não sei porquê sonhei com ela. Talvez algum recado? Que saudades da vovó! Mas, no dia seguinte, as palavras do meu diretor, martelavam em meu cérebro:

- Guarde esta descoberta para você. Não posso parar o funcionamento da minha empresa e se isto vier à tona, esse defeito que você constatou, precisarei sacrificar o emprego de vários funcionários e o seu também. Pense na reviravolta que isto vai causar na sua vida, a mudança que irá causar para si e para sua família.

Essas palavras não saiam da minha cabeça. Estava em jogo a minha família e a de várias pessoas que já faziam parte dela. Eram meus vizinhos, meus amigos...

Isso também iria mudar a vida de outros trabalhadores. Pescadores que viviam da pesca do rio que atravessa a cidade, e onde eu participava fazendo parte integrante dela.

E os ensinamentos passados aos meus filhos: ser honestos, verdadeiros e só viverem com a verdade? Nesse conflito de consciência, lembrei-me de uma frase que ouvi da vovó. Ela, novamente.

- Não aceite trabalhos que você não possa fazer direito para não se sentir imperfeita.

Isto bastou. Na manhã seguinte tomei minha decisão.

Compartilhei com todos os meus receios e todos nós, empregados da empresa, conseguimos, por meio de palavras e atitudes convencer o nosso diretor a fazer a coisa certa. A empresa parou...


A grande decisão - Mariângela Januária Pezzotti Gomes

Nascida em Jarú, pequena cidade do interior, Helena, quinta filha de Jarbas e Luíza, casal que, sempre em seus ensinamentos mostrara aos filhos a importância e o valor de agirem com discernimento, atitudes corretas, determinação e honestidade.

Com essa formação cresceram seus filhos. Helena, muito estudiosa, responsável e grande admiradora da natureza, se encanta quando o assunto nas aulas são as plantas orgânicas.

Seus pais possuem um pequeno sítio. Helena, desde criança, colabora nos trabalhos de preparar o solo para o plantio das hortaliças e cereais. Acredito que esta vivência foi a responsável, após terminar o colegial, da sua escolha ao ingressar na faculdade, no curso de agronomia.

Termina a faculdade. Presta concurso e, aprovada, passa a trabalhar numa grande empresa beneficiadora de produtos, isto é, cereais transgênicos.

Após algum tempo de trabalho na empresa, descobre uma anormalidade gravíssima nas tubulações, onde os cereais são beneficiados. Muito preocupada com o que vê, leva ao conhecimento do empresário, que lhe ordena sigilo.

A engenheira se assusta, fica decepcionada, mas não aceita o que ouve e vê. Resolve convencer o patrão a mudar e afirma que o beneficiamento não pode continuar assim; o mal deve ser solucionado com urgência e providências devem ser tomadas. O beneficiamento deve ser interrompido por um mês e tudo deve ser reformulado, para garantir a qualidade do produto. Se isto não for feito, a empresa terá grande prejuízo, os cereais continuarão sendo contaminados.

Ele insiste em continuar como está e alega ser impossível parar a empresa parar por um mês. Ela chega a dizer que deixará o emprego.

Helena não desiste, com seus fortes argumentos e propósito firme acaba convencendo o patrão a mudar o sistema.

Depois disto tudo, com o problema solucionado, os cereais passaram a ter uma qualidade extra superior, e os funcionários permaneceram com seus empregos garantidos, e felizes.

Engenheira Helena e empresário demonstraram ser pessoas honestas, responsáveis e éticas.

Helena não esquece os ensinamentos familiares que herdou. Com discernimento, atitudes corretas, determinação e coragem, tudo foi resolvido, sem prejuízo de ninguém.

Exercício Dilema Ético II

História de uma jovem química - Cleudinéia Zavarello

Marina, no ano em que se formou em química, ficou sabendo que uma grande indústria estava fazendo entrevista para contratação de novos funcionários. A indústria ficava a 180 Km da cidade em que morava desde que nascera.

Estava noiva de Paulo, que trabalhava como contador em uma pequena empresa. Planejavam o casamento para logo depois da formatura de Marina. Ele, assustado com a ideia da noiva ter de trabalhar em outra cidade, consegue não atrapalhar seus sonhos e, muito solícito, ofereceu-se para levá-la para fazer a entrevista.

Chegando à indústria, Paulo ficou impressionado com a estrutura da mesma. Observando tudo, viu um quadro de avisos que dizia: - Hoje entrevistas para Químicos e Contadores. Sem conseguir coordenar suas ideias , aproximou-se de Marina que estava no balcão preenchendo sua ficha. Quando a atendente, voltando-se para Paulo, perguntou : - Você também irá preencher a ficha para químico? Ele responde automaticamente que não, mas para contador.

Marina, sem entender, olhou para Paulo, que já foi apresentando seus documentos para preencher a ficha. E, assim, começou uma nova história destes dois jovens.

Foram contratados e após seis meses estavam casados. Felizes com o trabalho, se realizando como profissionais e satisfeitos com o salário que lhes proporcionava uma vida confortável.

Até que um dia, Marina notou o vazamento de um produto muito poluente e foi falar urgente com seu Diretor. Para decepção de Marina, ele lhe deu todas as explicações de que seria impossível conter tal vazamento, pois a indústria ficaria fechada por vários meses e o prejuízo seria fatal para falência da mesma.

Pediu a Marina que não comentasse sobre o ocorrido, nem mesmo com o marido, que ocupava um cargo importante no setor de contabilidade. Assim começou um dilema na vida de Marina, pois tinha noção que a contaminação deste vazamento seria muito prejudicial ao rio que ali passava.

Mesmo entendendo os muitos motivos que a indústria teria, não conseguia dormir tranquila. Pediu para marcar uma reunião com seus diretores e, mesmo sabendo que poderia por a indústria em risco, como também sua vida, pois sua família dependia do funcionamento desta indústria, disse em pauta registrada que não podia ficar alheia ao crime ambiental que estavam ocasionando.

Muitas vezes, tomarmos atitudes honestas significa perdermos. Será que seríamos capazes de uma atitude como a de Marina?

O grande dilema - Maria de Lourdes Santos Pinto

Esta é a história de um fato acontecido em minha vida. Da mulher que ajuda seu marido com seu ordenado no orçamento da casa, e dos seus três filhos, que, diariamente brincam no parque, onde há um riacho de águas despoluídas, onde nadam tranquilamente lindos patinhos.

Sou engenheira química, formada num conceituada Faculdade de Engenharia, localizzda no Município de São Bernardo do Campo. Trabalho em uma grande Fábrica de Produtos Químicos. Tive sorte, fiz entrevista e passei. Fui contratada com ótimo ordenado. Gosto muito do ambiente onde trabalho, meus colegas são gentis e educados.

Quase todos os empregados são eficientes e responsáveis, entretanto não ganham muito. Dois anos se passaram, eu estava satisfeita com meu trabalho e gostava da minha profissão.

Certo dia, estando em meu laboratório, fui informada por um dos meus funcionários que havia um vazamento de produto químico, deveras tóxico, num dos condutores. Fiquei preocupada e levei imediatamente ao conhecimento da Direção da Fábrica.

O Sr.Diretor tomou conhecimento e, passadas algumas horas chamou-me em sua sala; conversamos por alguns momentos, entretanto não fiquei satisfeita com resolução tomada.

O conserto da avaria seria feito, a despesa seria alta, por esta razão haveria um corte dos funcionários da minha secção. Não concordei, entretanto fiquei de dar uma resposta.

Eu me encontrava num dilema: ficaria na Fábrica e concordava com a resolução do Sr.Diretor, pensaria no meu ordenado, que ajudava no orçamento familiar, pensaria no prazer que meus filhos tinham em brincar no parque, num local de ar puro e sem poluição, ou deixaria meu cargo em solidariedade aos funcionários demitidos?

O lucro mensal da Fábrica era imenso, não haveria razão para dispensa dos empregados. Fiquei revoltada.

Complementando esta estória transcrevo dois pensamentos de Gandhi.

“Não há nenhum defeito naquele que procura a verdade, baseada em suas próprias luzes, é mesmo um dever de cada um de nós.”

“A verdade deve manifestar-se em nossos pensamentos, em nossas palavras, em nossas ações.”

Finalizando, caro leitor, deixo a solução deste dilema a seu critério.


Grande Golpe e Bela Decepção - Marizilda Sartori

Nascida em cidade pequena e do interior, família pobre, pais honestos e batalhadores, consegui com muita garra ingressar em uma faculdade pública no curso de engenharia agronômica.

Estando já para concluir o curso, no ano de 1968, os alunos tiveram uma grande surpresa: a direção da faculdade recebeu visita de alguns empresários, que, em parceria com a prefeitura local, estavam interessados em selecionar alunos e lhes dar oportunidade – um projeto relativo ao plantio de hortas, com o objetivo de abastecer escolas e creches do município.

A notícia surgiu como um estopim e a expectativa por parte da população era tamanha que por todos os cantos da cidade só se falava desse assunto.

Apareceram apenas três alunos interessados, dentre eles, eu. Agarramos essa oportunidade e o planejamento foi dando cada dia mais certo. Terra boa, mudas de procedência, esmero dos funcionários contribuíram para o êxito do empreendimento.

As hortaliças, tubérculos, etc., estavam cada dia mais produzindo e sendo distribuídos com fartura. Nosso entusiasmo era cada vez maior, e eu era quem mais vibrava pelo sucesso. Porém, uma notícia trazida por um dos funcionários responsáveis pela captação, armazenamento e distribuição da água para a “rega” caiu como bomba sobre nossas cabeças.

Confidenciou-nos ter notado que havia vazamento de um líquido de coloração estranha na base do reservatório de água. Procuramos verificar a veracidade da informação e, após várias tentativas, eu era desestimulada pelos meus dois amigos.

Muito preocupada, consegui sozinha colher material, mandar para análise, sendo surpreendida pelo resultado: grande concentração de produtos químicos, que pouco a pouco, causaria distúrbios nos consumidores.

A pior notícia é que com toda minha ingenuidade e até então inexperiência, não havia percebido que por trás desse grande golpe estavam meus dois amigos: um deles, sobrinho de um dos empresários e o outro, parente do Secretário de Abastecimento da Prefeitura, os quais estavam dando cobertura para essa sujeirada toda – experimentos de nova marca de fertilizantes, que, com toda certeza prejudicariam a saúde, principalmente de crianças inocentes.