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Uma grande vitória poder divulgar o nosso projeto!
A OFICINA DE LEITURA E CRIAÇÃO LITERÁRIA
3A. IDADE CLARETIANAS FOI UM DOS PROJETOS SELECIONADOS PARA APRESENTAÇÃO NO III FÓRUM DO PLANO NACIONAL DO LIVRO E DA LEITURA E NO III SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECAS, EM AGOSTO DE 2010.

sábado, 29 de outubro de 2011

Rezas e Benzimentos

Texto de Geni Bizzo



Coisas da pobreza, da crença ou da fé,
falta de grana ou informação,
a medicina caseira curava até bicho de pé.
As simpatias e as rezas, usadas com emoção,
 passavam, com certeza, de geração em geração.
Se minha memória não falha, quero deixar registrado,
 embora nos dias de hoje
vão achar muito engraçado.

Emociona-me falar sobre isso,
acho muito bom reviver.
E  sem parcimônia ou compromisso,
passo receitas do bem-querer.
Acompanhando os rastros dos pés da criança na areia,
 que  só andava segura pela mão,
um ramo de cipó são joão por um machado era cortado,
cortava também o medo na marquinha  do pé no chão.

Dor de cabeça? tonteira?
 três brasas acesas num copo com água era entornado
 num pano sobre a moleira;
dizia-se que era sol e num instante ficava curado,
voltando o infante  para a  brincadeira.
Espinhela caída, vento virado? Media-se com barbante
 da cabeça à ponta do dedão
 e depois de três Aves-Marias, a dor sumia num instante,
acalmando o chorão.

Erva santa maria ou mentruz, há quem não acredita,
mas dentro de um certo tempo, tinham fim os parasitas.
Folha de beladona ou saião, quando aquecida, curava inflamação;
sua flor, linda e branquinha, deixava a pele lisinha.
Capim santo,  erva cidreira ou chá de estrada,  
 com um chazinho a criança era acalmada.
Três voltas ao redor da casa, quando a criança nascia,
no colo da mãe ou das tias, evitava o mal de sete dias.
Folhinha de mamona novinha, com azeite aquecido,
cobria o enorme furúnculo,  que não mais ficava doído.

 Para queimadura? cataplasma de vela derretida e fria,
demorava um pouco, mas era certa a cura um dia.
Gripe forte? peito cheio? com emplastro de fubá cozido e quentinho,
respirava  melhor o menininho.
Três galhinhos de arruda debaixo do travesseiro
levava embora o quebranto da criança linda e olhar matreiro
 que, por causa do mal olhado,
havia chorado o dia inteiro.


Com folhas de fumo curtidas na água canforada
banhava-se o ferimento adquirido todo dia;
picadas de insetos e arranhões
tinham sua assepsia.
Hortelã, poejo, marcelinha,
erva doce, quebra-pedra, manjericão,
arranha-gato, carqueja ou melissa
eram usados em banhos, macerados ou infusão.

É crendice, dizem alguns, bruxaria acham outros,   
mas a mãe pobre  sempre buscava  solução.
No seu quintal ou redondeza,  nativas ou cultivadas,
 achava ervas de montão.
Com fé  sem perder a alegria,
via crescer sua cria.
Crescemos fortes e sem trauma,
com algumas cicatrizes.
Mas reverenciamos dona Pina
e bendizemos nossas raízes.

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