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Uma grande vitória poder divulgar o nosso projeto!
A OFICINA DE LEITURA E CRIAÇÃO LITERÁRIA
3A. IDADE CLARETIANAS FOI UM DOS PROJETOS SELECIONADOS PARA APRESENTAÇÃO NO III FÓRUM DO PLANO NACIONAL DO LIVRO E DA LEITURA E NO III SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECAS, EM AGOSTO DE 2010.

CIDINHA NICOLETTI

Esta é a página da nossa aluna Maria Ap. Luna Nicoletti. Contém os textos que escreveu para cada exercício proposto. A ordem dos textos é do atual ao mais antigo.

Exercício Infância: Maio 2010

Lembranças da infância

O quintal era mágico. Se transformava conforme a luz dos astros. Protegidos pelo sol radiante, apareciam as fadas, rainhas e princesas, mas quando a noite chegava e a lua brilhava no céu, seus habitantes noturnos chegavam para aterrorizar : bruxas, sacis, lobisomen e até almas do outro mundo, que se escondiam nas sombras.

Durante o dia a menina virava rainha, princesa, mamãe e filhinha, mestra e discípula e até artista em beleza.

De vez em quando apareciam suas clientes no milharal, que enfileiradas aguardavam para serem penteadas. Havia louras, morenas e ruivas e a todas atendia com muita cortesia. Pendurado nos braços das árvores, o balanço a levava até ao céu.

E quando a noite chegava e o sol brincava de esconde esconde, a rua se estendia para receber as crianças sob o olhar curioso da lua que as espiava.

Naquele palco, a fantasia reinava com as cantigas de roda, pega pega, mãe da rua e outras, que as crianças brincavam.

Quando a energia acalmava, era ao redor da mãe dela que as crianças sentavam para ouvir contos de fadas, até chegar o momento mais esperado, as histórias de medo, que elas ouviam com o coração aos saltos.

E na calada da noite os monstros voltavam e ela cobria a cabeça e chamava seus anjinhos, para afugentá-los. A menina vivia no mundo da lua. Tinha muitas fantasias e frustrações também.

Todo Natal esperava pelo Papai Noel que nunca aparecia, mas ela tinha esperanças e sempre o aguardava.

O aniversário dela nunca era comemorado, mas quando fez nove anos, conseguiu convencer a mãe a preparar a festa e os quitutes. Mesa posta, não havia convidados, pois o pai não permitia que dividissem a mesa com amigos.

Mas, no lar, reinava a paz ; cada qual no seu papel : pais eram pais, e filhos eram filhos. Não se podia quebrar as regras.

A mãe com suas asas protegia os filhotes. O pai, que de longe vigiava, quando faziam artes, desta vez se aproximava e o chinelo cantava.


Exercício Dilema Ético - Março 2010

O dilema de Doroti

Era uma noite quente de verão, a lua já ia alta, Doroti estava sentada na soleira da porta cabisbaixa, sozinha com seus pensamentos. Era uma jovem que beirava os trinta anos, morena, de altura mediana, de corpo esbelto e cabelos encaracolados.

Morava na pequena cidade de Rio Doce, com os pais e irmãos. Sempre alegre e sorridente, estava quieta e preocupada naquele dia.

Pensava em sua cidade, onde todos se conheciam. Lembrava das brincadeiras de infância, do pega-pega ao redor das árvores e nas praças muito floridas, do rio de águas límpidas, que cortava a cidade e que dera nome a ela.

Pensava na paisagem verde e exuberante que compunha sua cidade. Sempre amou e respeitou a natureza, aprendeu a preservá-la. Apesar dessas lembranças alegres, estava triste, pois descobrira que algo ameaçava a rotina da população.

Doroti lembrava de seu amigo Faustino, que trabalhava na mesma empresa que ela e lutava duramente para manter a família. Laura, que sustentava os pais idosos, com problemas de saúde e muitos outros que trabalhavam juntos na Quimiobras, única indústria da cidade e que dava emprego a centenas de pessoas, pois a maioria vivia da lavoura, com muita dificuldade.

Há alguns dias não dormia tranquila, tinha pesadelos. Tinha descoberto que a indústria química em que trabalhava estava derramando seus resíduos químicos no rio, contaminando-o. Lembrava da conversa com seu chefe, quando o procurou e disse sobre o problema que a afligia e o mesmo lhe falou:

- Não se preocupe Doroti, já estamos resolvendo este problema, existe um projeto que já está na mesa do diretor e em breve sanaremos esta situação.

Ela sentiu-se aliviada , mas já se passara algum tempo e nada fora resolvido. Estava num dilema: ficar quieta para proteger seu emprego ou denunciar e deixar boa parte da população desempregada? Pois a empresa poderia ser interditada após a denúncia.

Quando amanheceu, Doroti tomou a decisão. Reuniu-se com os moradores, expôs o problema e decidiram fazer a denúncia, mesmo prejudicando seus amigos que trabalhavam na empresa, inclusive ela. O que pesou neste dilema enfrentado por Doroti foi o fato de haver um mal maior, pois se não conseguissem conter o derrame de resíduos no rio que servia à cidade, toda a população teria a saúde prejudicada.


Exercício Árvore das Palavras - Dezembro de 2009

Responsabilidade

Acho interessante como as coisas acontecem. Após a dinâmica das palavras na oficina de literatura, encaminhei-me para outra oficina e no final da aula, o professor disse-me:-

- Preciso de uma pessoa responsável para ficar com esta folha escrita, pode ser você?

Ele não sabia, mas estava apenas completando o significado da palavra responsabilidade, que eu havia escolhido e feito uma pequena preleção, sobre ela, minutos antes.

Ter responsabilidade já é difícil, mas defini-la me deu muito mais trabalho; cheguei a elaborar dois textos e abandoná-los.

Lembrei-me de Moisés que ao receber os “Dez mandamentos das Lei de Deus”, poderia ter cumprido o envolvimento dos homens com o amor, a bondade e a caridade. Foi uma pena que os homens daquela época , tal como os de hoje , não queiram comprometer-se com responsabilidade.

O dicionário da Língua Portuguesa “Melhoramentos” define responsabilidade como:

Obrigação de responder pelos próprios atos ou por aqueles praticados por alguém subordinado. Obrigação de cumprir ou obedecer a certos deveres.

Mas achei que teria que ser melhor explicado e procurei algumas definições na internet e lá diz que :-

- Quando as pessoas respondem pelas próprias ações, pressupoê que as mesmas se apóiam em razões ou motivos;

- A pessoa responsável tem plena consciência de seus atos ao praticá-lo por seu próprio bem e comum bem estar;

- Ser responsável é a obrigação de qualquer cidadão para uma vida saudável em sociedade;

- Os motivos do cidadão responsável, deve ser sentido e este deve conhecer suas opiniões sem causar transtorno ao resto da comunidade;

- E você pode responder por seus atos de acordo com a sua idade.

Essas definições acima , foram foram encontradas na Wikipédia, a enciclopédia livre.

Em outras épocas, as famílias eram bem estruturadas e o governo comprometido com a educação. Assim juntos formavam indivíduos cônscios de seus direitos e deveres.

São pequenos compromissos que pais e educadores devem atribuir ás crianças, desde a tenra idade, tornando-a comprometida com seus atos e responsabilidades.

Cabe aos pais planejar o nascimento de seus filhos, educá-los com comprometimento e o direito a liberade, conhecendo seus limites.

Sempre remeto á minha família em meus textos, porque lá foi o meu berço e a formação de meu caráter. E nesse passado longínquo, encontro situações que definem compromisso.

O casamento de meus pais só se concretizou, porque minha mãe não queria faltar com a palavra dada.
Aos dois anos de idade seus pais faleceram e ela e os irmãos foram entregues aos respectivos padrinhos, que no ato do batismo firmaram o compromisso de substituírem os pais. Foi criada num sítio e nunca teve acesso a educação formal, pela qual sonhou a vida toda. Foi educada com regras severas e sem liberdade de opinião, condição das mulheres da época.

Apaixonou-se por um rapaz que não podia assumir compromisso com ela, pois era “arrimo” de família e teria que aguardar o casamento das irmãs. Neste momento da história, aparece meu pai que já a observava a algum tempo. Nesta época ela estava prestes a completar quinze anos.

Numa manhã, voltava por um caminho que dava acesso a sua casa, tinha cumprido a missão diária de levar o almoço na roça. Muito distraída, assustou-se quando cavalo e carroça pararam na sua frente. Era meu pai, um jovem nove anos mais velho que ela.

Ele pediu-a em namoro. Ela ficou sem ação ,subjugada pelo olhar dele, quase intimando a resposta. Olhou para um lado, olhou para o outro e viu seus padrinhos observando-a de maneira severa. Disse sim e saiu correndo.

Alguns dias depois, como ela dizia , ele apareceu para falar com os velhos.Pensou em voltar atrás, mas pensava que não poderia retirar sua palavra. Casou-se alguns meses depois, após seu padrinho ter namorado com meu pai, pois era ele que o recebia para dois dedinhos de prosa e ela só aparecia no cenário para servir o cafezinho, que nem tomava junto.

Eles formaram uma família unida e bem estruturada. Nunca tivemos avós, tios e primos para conviver, mas éramos felizes com a presença de muitos amigos.

Ela dizia que amava meu pai como um amigo. Sempre o respeitou e juntos nos educaram.

Chamavam-se Augusto e Carolina, como os personagens do romance “A moreninha”, de Joaquim José de Macedo, mas não viveram um grande amor como eles, pelo menos, da parte dela.



Oficina sobre "A hora da estrela", de Clarice Lispector. Tema do exercício: Exclusão - Novembro de 2009.

A Excluída

Corriam os últimos anos da década de cinquenta. Eu frequentava o Grupo Escolar que se localizava na área central da cidade.

Nessa região se aglomeravam as famílias de classe social mais alta e, assim, seus filhos ocupavam o mesmo banco escolar que as crianças menos privilegiadas. Na sala de aula não se notava a diferença social, pois o saber não depende de nível socioeconômico.

Eu me considerava num nível elevado, pois era uma aluna aplicada e estudiosa, destacava-me entre tantas, pois os meus sentidos eram todos voltados para a aprendizagem e sentia-me orgulhosa de ser sempre aprovada com louvor.

A diferença aparecia no momento de treinar a sociabilidade. Após a merenda, as meninas corriam para o pátio para iniciar as cantigas de roda. A cantoria repetia: uma, duas, três ... tantas vezes quanto o tempo permitisse. 

E ali, eu como outras meninas, atuávamos como figurantes ou servíamos como grupo de apoio, pois só as meninas da classe considerada alta lideravam; elas se alternavam nos personagens principais : ir ao centro da roda.

Cada vez que iniciava uma cantiga, eu tinha esperança e pensava: - serei a próxima a ser escolhida; mas, isso nunca aconteceu.

Algumas vezes, a brincadeira pedia participação coletiva e aí chegava a minha “hora da estrela”, mesmo sendo um papel secundário.
Quando contei este fato à minha filha, ela me disse:

- Mãe, porque você continuava brincando com elas? Eu respondi:

- Por dois motivos: eu tinha esperança de um dia ser escolhida, e o outro motivo, era que eu preferia ter uma participação pequena, do que ser uma mera expectadora!

Mas minha frustração não era tão grande, pois na minha rua havia muitas meninas e, à noite após o jantar, brincávamos sob os olhos vigilantes de nossas mães. Ali, naquele espaço, praticávamos a democracia. Todos tinham participação igual e só mudávamos a brincadeira, quando todas tinham tido a mesma oportunidade.

Minha rua foi palco de muitos momentos felizes e fatos inusitados como esse que aconteceu comigo.
Morava na quadra seguinte à minha uma família de negros, que era constituída pelos pais e duas filhas. A menina mais nova chamava-se Neli e sempre participava de nossos encontros diários e era uma grande amiga minha.

Seus pais não se relacionavam com os vizinhos, que eram todos brancos.Viviam isolados dentro da casa. Às vezes saiam na janela. O pai aparecia na rua de vez em quando.
O pai de Neli organizava excursões para a praia. Certo dia, ela chegou toda eufórica em minha casa , convidando-me para ir à Santos , pois havia uma vaga de uma pessoa que havia desistido de última hora e já havia pago a viagem.

Já fui logo dizendo que meu pai não permitiria, pois ele só deixava sair com meus irmãos mais velhos. Mas ela insistiu e combinamos que o pai dela viria falar com o meu. Seu Bráulio apareceu pra falar com o meu pai e pegou-o de surpresa.

Ele ficou sem ação com esse fato inesperado, mas como sabia que era uma família idônea, acabou consentindo, mesmo contra sua vontade, pois poderiam achar que ele era preconceituoso.

Na época, eu tinha uns doze ou treze anos, meus pais fizeram muitas recomendações. Corri emprestar um biquíni de uma amiga. Preparei meu lanche e por volta das vinte e três horas partimos.
Qual não foi a minha surpresa ao entrar no ônibus; só havia negros, só eu era branca. Mas , isso não me importava, estava fazendo uma viagem inédita e ia conhecer o mar ao lado da minha amiga.

Quando chegamos numa praia de Santos, minha amiga me disse: -pegue sua bolsa e desça do ônibus, você vai ficar nesta praia. Na frente, mostrou-me, existem cabines que você pode alugar para trocar de roupa e guardar a sua bolsa. Não saia deste lugar. No final da tarde voltaremos para buscá-la.

Fiquei estupefata, mas não tinha outra alternativa, sai do ônibus.
Mas, não fiquei muito tempo sozinha, logo apareceu um rapaz de nome Horácio, que conhecendo minha história, tomou o lugar do meu anjo da guarda e ficou comigo até que o ônibus retornasse.

Contei o acontecido à minha mãe, que assustou-se muito, e combinamos que ficaria entre nós e que meu pai jamais saberia, pois temíamos sua reação.

Penso que seu Bráulio não tinha intenção inicial de deixar-me solitária numa praia. Deve ter sido coagido pelos outros passageiros, mas, tinha consciência do ato que estava praticando, pois não deixou sua filha comigo.

Jamais fiquei sabendo do destino daquele ônibus e seus passageiros que me deixaram sozinha na praia.


Exercício sobre "A Rosa de Paracelso", de Jorge Luís Borges - Outubro de 2009

Vínculo entre irmãos

Crédulo. Andei pensando muito nessa palavra e cheguei a conclusão que, crédula não sou. Guardando as devidas proporções, sou cética em muitas situações cotidianas.


Acredito no poder da fé, da palavra, do exemplo e na força que as mães tem.

Diz um provérbio judaico que : “Como não podia estar em toda parte ao mesmo tempo,

Deus criou as mães”; sendo assim, deuàs mulheres a missão e a oportunidade de ajudá-Lo a orientar seus filhos.

Segundo Elena Daher: “o senso de confiança das crianças em suas mães e no mundo leva-as a compreensão do seu próprio senso do eu”.

Sou guardiã de meus filhos, tenho consciência, que é difícil orientá-los sem interferir e querer modificar suas decisões, pois não somos os seus donos.

Caminho sempre ao lado deles e procuro cultivar os vínculos que os unem, pois não queria que se perdesse com o tempo.

Sei que sou o cadeado que fecha esse elo, mas queria muito que, mesmo um dia, sem cadeado, eles se mantivessem unidos e transmitissem isso aos seus filhos.

Fatores externos podem deixar o elo frouxo e até quebrá-lo. Foi o que aconteceu na minha vida. Faltando alguns dias para os meus vinte anos, numa noite sem prévio aviso, o elo forte que unia minha família se partiu em muitos pedaços, com a partida de minha mãe.

Éramos uma família numerosa e feliz e, de repente, nos vimos separados. Não conseguimos (inclusive meu pai), lidar com a situação e fomos nos perdendo com o tempo.

Hoje, nos vemos raramente. Sentimos o mesmo amor uns pelos outros, mas jamais conseguimos reunir os pedaços.

Para meus filhos, queria um vínculo mais forte que não se perdesse com o tempo e nem nas tempestades da vida.


Exercício Desconstrução do senso comum - Setembro de 2009

Qual a metade do 8?

Na Matemática é 4.


Na grafia do 8, se traçarmos um risco horizontal e acharmos sua metade, deixa de ser o oito e se transforma em duas bolas de gás, alçando vôo ao infinito.

Se traçarmos um risco vertical, eis que surgem figuras diferentes: o número 3 ou a letra E.

O oito deitado é o símbolo do infinito:
  





 
 
Parece uma pista de corrida, mas se acharmos a sua metade, a figura deixará de ser infinita, pois o infinito não tem metade.





Exercício do Nome - Março de 2009

História do meu nome

Meu nome de batismo é Maria Aparecida Luna. Sei que meus pais me amavam muito e, assim, me deram o nome de santa para que eu fosse sempre protegida.


O nome Maria geralmente pede um complemento, mas acho estranho o nome ‘Aparecida’, pois além de ser polissílabo, parece que estou conjugando um verbo. Gostaria que meu segundo nome tivesse duas ou três sílabas, no máximo. Mas isso não quer dizer que eu gostaria de me chamar ‘Maria das dores’.

As pessoas nunca me chamam pelos dois nomes, só em consultório médico, quando sou chamada para a consulta. Desde criança coleciono apelidos: Cida, Cidinha ou Cidoca.

Cresci numa família católica e meus pais sempre me vestiam de anjo para acompanhar a procissão de Nossa Senhora, principalmente para cumprir as promessas que eles faziam! Numa certa ocasião, meu pai fez uma promessa. Graça recebida, promessa a ser cumprida.

Na Semana Santa havia uma procissão que acontecia a meia noite. Era a procissão do encontro de Maria e Seu Filho Jesus. Antes da hora marcada, minha mãe tirou-me do sono profundo e vestiu-me com a roupa de anjo. Quando minha mãe foi acordar o autor da promessa, quem disse que ele queria ir? Meu pai ficou em casa, dormindo o sono dos anjos...

Meu irmão caçula também tem nome de santo. Ele se chama Antonio e também era cumpridor de promessas. No dia de Santo Antonio, minha mãe o levaria à procissão vestido com a roupa igual à do Santo.

Ela comprou o tecido e, no dia marcado para fazer a prova na costureira, ele não aceitou, de jeito nenhum, colocar a roupa, afirmando que aquilo era ‘vestido de mulherzinha’! Minha mãe comprou outro tecido e,no dia da procissão, lá ia o Toninho, todo garboso, no meio de muitos santoantoninhos, com um moderno macacão e o cordão do Santo amarrado na cintura.

Meu sobrenome – Luna – vem de meus avós paternos, imigrantes italianos. É um sobrenome italiano, mas de origem espanhola, que significa lua. É um nome feminino, usado na Itália, que quer dizer ‘pessoa iluminada’.

Mas, esse sobrenome tão simples, já me causou muitos transtornos, pois sempre que o digo tenho que repetir ou soletrar. É constantemente trocado por Lima, Luana ou Luma.

Existe até uma comunidade na internet das famílias Luna, e todos relatam a mesma situação. Mesmo fazendo todas essas conjecturas sobre o meu nome, acho que nome é sagrado e deve ser honrado.

 
Exercício Literatura e Sensorialidade - Setembro de 2008

Um cheiro na memória

É o último dia do ano, algumas décadas atrás.


As pessoas passam, rapidinhas, carregando suas enormes assadeiras cobertas com um pano.

Parecem formiguinhas, transportando seus alimentos. Todas vão para o mesmo local. Parecem muito felizes.

Estão sorridentes. Todos se cumprimentam. É um dia especial. Todos querem confraternizar.

Estão indo para uma padaria que possui enormes fornos, que vão deixar seus assados crocantes e perfumados.

Após algumas horas, retornam para recuperar seus petiscos, e voltam mais felizes ainda.

Quando voltam, eu sinto o cheiro de seus assados, que percorre as ruas, inunda o ar, entra em minhas narinas e provoca o meu estômago.

Todos estão ansiosos para saboreá-los.

Nós também temos os nossos assados, a família está reunida e minha mãe serve a todos com carinho. É a ultima a sentar-se, depois de muita insistência.

É um dia de reflexão, de pensar em o que fizemos e o que queremos mudar. É dia de render graças.

Parece tão longe de mim! Parece que vivi isso em outra vida. Um dia muito feliz.


Exercício sobre a relação com o meio ambiente - Agosto de 2008

Conversa sobre o meio ambiente

Hoje, acordei e me surpreendi fabulando sobre o texto que tinha que escrever. Remeti ao passado, à minha infância, onde ainda não conhecia a expressão ‘meio ambiente’, mas convivia muito bem com ele.


Cresci numa casa com quintal grande, que me oferecia muita diversão e boa parte da alimentação: legumes, verduras, frutas, galinhas, cabritos e até leitoa, que era criada solta e engordava para o Natal.

Nunca tinha ouvido a palavra agrotóxico. As ruas não tinham asfalto e os quintais não tinham calçamento e, quando as chuvas chegavam, encontravam um solo propício para recebê-las. As pessoas, quando se casavam, adquiriam móveis para a vida toda, e, assim, as árvores eram poupadas. Carros eram raros; o transporte da maioria era feito com charretes bonitas e coloridas.

E as embalagens? Raríssimas e quase todas recuperadas. Latas transformadas em canecas, por exemplo. De vez em quando, passava uma pessoa no bairro, oferecendo seus préstimos para transformar as latas em belas canecas. ]Pães, doces, verduras, frutas e carnes eram embrulhados em papel. O lixo era colocado nas ruas em grandes latas, que, depois, eram devolvidas.

Havia poucas indústrias. Mas, o progresso foi chegando e quando nos demos conta o planeta já estava comprometido. O que aconteceu? Onde nos perdemos? Deixamos nossos animais se transformarem em alvo de tráficos ilícitos e, assim, ser extintos.

Fala-se muito em salvar o mundo, em recuperar o meio ambiente. Existem muitas estratégias: educar o povo, reciclar, reflorestar, exigir compromisso político. Sinto que tudo isso corre muito lentamente, é o preço que pagamos pelo progresso e pela falta de sensibilidade de nossos governantes.

Haverá futuro parta o nosso planeta?