Da minha infância - Letícia D. Brunelli
Fui buscar lá na memória,
De uma infância feliz
Uma lembrança querida
Que o tempo assim o quis.
Me recordo com carinho
de um velho amigo já ausente
que permeou meu caminho
e me ofertou um presente.
Escreveu para mim um poema
que tenho até hoje guardado.
É um acróstico com meu nome
escrito num caderno, com cuidado.
Ele fala dos meus olhos,
como ele os imaginava.
Sem nunca tê-los visto
ele em sua poesia afirmava.
Que ternura havia em meu olhar
e celestiais eram os olhos meus;
me comparava a visão de sonho
e na minha candura, um anjo de Deus !
E eu nos meus oito anos
não conseguia ainda atinar
que aquele bom amigo italiano
só com a alma podia me olhar.
Seu nome era Luigi Onetta
e com sua esposa Teresa morava
num quarto bem simples hospedado,
na casa vizinha em que eu habitava.
Eu gostava muito de lhe visitar,
Assim ele tinha com quem conversar,
Um coração de ouro a me ensinar
Que olhos sem vida também podem enxergar.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Exercício: Infância
Saudades - Regina Garrido
Saudades ... de um tempo maravilhoso que passa muito rápido.
Lembranças das brincadeiras
roda, pega pega, queimada
cirquinho, cozinha, passa anel
Hã ... que dor danada.
Á noite, mamãe e os vizinhos, colocavam suas cadeiras na calçada para prozear; enquanto nós, os filhos, ficávamos a brincar.
Quando as vezes dizia a mamãe
Que queria ser gente grande
Eu ouvia, não tenha pressa
Você é uma criança feliz.
Hoje tenho saudades ... saudades da minha infância, pois sempre tive alguém para me acariciar.
Agora, muitas vezes, não tenho um ombro para chorar.
Saudades ... de uma época curta e linda que não volta mais
Saudades ... de um tempo maravilhoso que passa muito rápido.
Lembranças das brincadeiras
roda, pega pega, queimada
cirquinho, cozinha, passa anel
Hã ... que dor danada.
Á noite, mamãe e os vizinhos, colocavam suas cadeiras na calçada para prozear; enquanto nós, os filhos, ficávamos a brincar.
Quando as vezes dizia a mamãe
Que queria ser gente grande
Eu ouvia, não tenha pressa
Você é uma criança feliz.
Hoje tenho saudades ... saudades da minha infância, pois sempre tive alguém para me acariciar.
Agora, muitas vezes, não tenho um ombro para chorar.
Saudades ... de uma época curta e linda que não volta mais
Exercício: Infância
A menina e a galinha - ALICE FERREIRA
A galinha é uma ave pomposa, charmosa, anda como se estivesse numa passarela, mesmo quando está próxima de ir para uma panela !!!
Ela é muito maternal, pois, quando põe seus ovos, senta no ninho que mais parece um trono de rainha, para chocar e dar à luz a seus pequeninos e barulhentos pintinhos !!! Tem colorações muito bonitas, sendo penas vermelhas, pretas, brancas e outras. Além de ser poedeira, tem uma carne saborosa e nutritiva !
Depois desta pequena introdução sobre as qualidades desta importante ave, eis que surge a branquinha, a galinha de estimação de uma menina de aproximadamente 6 à 8 anos !!!
Lendo os contos de Clarice Lispector, havia entre eles, a história de uma galinha, isto serviu para feliz lembrança da branquinha.
Toda criança tem um animal de estimação e o da menina que é relatado neste conto, é uma galinha de penas brancas , pescoço pelado vermelho, tendo um topete de penas na cabeça. Durante grande parte da infância da menina, ela foi sua grande companheira. As duas brincavam diariamente num grande quintal de terra, num bairro bem familiar da cidade , que com o passar do tempo e crescimento geográfico e populacional, tornou-se área central.
Um dia, a galinha branquinha, não amanheceu muito boa, parecia tristonha, quieta. A menina percebeu que sua companheira estava doente.
A menina, usando de seus ensinamentos , que lhe foi passado pela família, resolveu pedir a intersecção de um santo para a cura de sua galinha. No meio do quintal, ela ajoelhou, com as mãos em sentido de prece e com muita fé, olhando para o céu, pediu para São Pedro que intercedesse junto à Jesus, pela cura da branquinha. Após alguns dias, a alegria voltou para as duas companheiras, pois a galinha já estava boa !
A menina cumpriu sua promessa, depositando uma oferta (doação em dinheiro), aos pés da imagem de São Pedro, numa igreja da cidade onde estava á passeio com sua família!!!
ADELAIDE DALVA GARBUIO
A D. Dalva, nossa aluna, é profundamente ligada à música e trouxe como lembrança uma canção que embalou a infância de todos nós.
"Faz 3 noites que eu não durmo, lá, lá
Pois perdi o meu galinho, lá, lá
Pobrezinho, lá, lá
Coitadinho, lá, lá
Eu perdi, lá no quintal.
Ele é branco e amarelo, lá, lá
Tem a crista bem vermelha, lá, lá
Abre o bico, lá, lá
Bate as asas, lá, lá
Ele faz quiri, qui, qui
Percorri o Mato Grosso, lá, lá
Amazonas e Pará, lá, lá
Encontrei, lá, lá
Meu galinho, lá, lá
No sertão do Ceará
No sertão do Ceará."
A galinha é uma ave pomposa, charmosa, anda como se estivesse numa passarela, mesmo quando está próxima de ir para uma panela !!!
Ela é muito maternal, pois, quando põe seus ovos, senta no ninho que mais parece um trono de rainha, para chocar e dar à luz a seus pequeninos e barulhentos pintinhos !!! Tem colorações muito bonitas, sendo penas vermelhas, pretas, brancas e outras. Além de ser poedeira, tem uma carne saborosa e nutritiva !
Depois desta pequena introdução sobre as qualidades desta importante ave, eis que surge a branquinha, a galinha de estimação de uma menina de aproximadamente 6 à 8 anos !!!
Lendo os contos de Clarice Lispector, havia entre eles, a história de uma galinha, isto serviu para feliz lembrança da branquinha.
Toda criança tem um animal de estimação e o da menina que é relatado neste conto, é uma galinha de penas brancas , pescoço pelado vermelho, tendo um topete de penas na cabeça. Durante grande parte da infância da menina, ela foi sua grande companheira. As duas brincavam diariamente num grande quintal de terra, num bairro bem familiar da cidade , que com o passar do tempo e crescimento geográfico e populacional, tornou-se área central.
Um dia, a galinha branquinha, não amanheceu muito boa, parecia tristonha, quieta. A menina percebeu que sua companheira estava doente.
A menina, usando de seus ensinamentos , que lhe foi passado pela família, resolveu pedir a intersecção de um santo para a cura de sua galinha. No meio do quintal, ela ajoelhou, com as mãos em sentido de prece e com muita fé, olhando para o céu, pediu para São Pedro que intercedesse junto à Jesus, pela cura da branquinha. Após alguns dias, a alegria voltou para as duas companheiras, pois a galinha já estava boa !
A menina cumpriu sua promessa, depositando uma oferta (doação em dinheiro), aos pés da imagem de São Pedro, numa igreja da cidade onde estava á passeio com sua família!!!
ADELAIDE DALVA GARBUIO
A D. Dalva, nossa aluna, é profundamente ligada à música e trouxe como lembrança uma canção que embalou a infância de todos nós.
"Faz 3 noites que eu não durmo, lá, lá
Pois perdi o meu galinho, lá, lá
Pobrezinho, lá, lá
Coitadinho, lá, lá
Eu perdi, lá no quintal.
Ele é branco e amarelo, lá, lá
Tem a crista bem vermelha, lá, lá
Abre o bico, lá, lá
Bate as asas, lá, lá
Ele faz quiri, qui, qui
Percorri o Mato Grosso, lá, lá
Amazonas e Pará, lá, lá
Encontrei, lá, lá
Meu galinho, lá, lá
No sertão do Ceará
No sertão do Ceará."
Exercício: Infância
Um fato da infância - MARIA DE LOURDES DOS SANTOS PINTO
Este fato aconteceu, se não me falha a memória, na capital de São Paulo, à Rua Lopes de Oliveira, bairro Barra Funda, na casa de minha avó materna Amélia, onde eu e minha família residíamos.
Era uma tarde tranquila, ensolarada, de clima ameno, seria primavera. Eu devia ter, mais ou menos, quatro anos, era uma criança esperta e vaidosa.Exigia sempre após o banho, que minha avó me vestisse com lindos vestidos, feitos por ela, enfeitasse meus cabelos com laçarotes de fita colorida.Após este ritual, ficava pronta para sentar no degrau junto ao portão de entrada da casa, vendo o bonde Barra Funda passar, cheio de crianças vindas da escola. Era o meu melhor divertimento.
Nessa tarde, entretanto, eu segurava um lindo balão colorido, com muita alegria, presente de meu irmão mais velho. A alegria durou pouco. Surgiu um moleque, um menino maltrapilho, sujo, correndo como um corisco. Inesperadamente ouvi um “bummmmm” que retumbou no meu ouvido, o balão furou. O menino saiu em disparada gritando alegremente.
Fiquei pasma, parada, engasgada, com o choro na garganta, quase sufocada.Minha avó Amélia assustada com o barulho, veio em meu auxílio.Contei-lhe o acontecido. Eu falava repetidamente : “Foi o me, menino vovó, ele furou o balão, foi o menino.”
Vovó afagou-me, consolando-me disse : - “O menino é pobre, não tem o que você tem. Não chore, minha netinha, eu lhe compro outro.”
Esta cena ficou gravada em minha mente, várias vezes vem “á tona”. Não só o acontecido, mas o seu significado, talvez uma lição de moral, que posso interpretá-la tirando uma mensagem positiva para a minha vida.
“A vida não é feita só de alegrias, mas também de tristezas.”
Devemos enfrentar as vicissitudes com paciência e resignação, pois só dessa forma chegaremos até “ELE”, nosso “Pai Eterno.”
A casa da minha infância - LÍCIA MONACO PERIN
A casa era antiga. Grande. Quase assustadora nas noites escuras sem lua.Localizada numa rua pacata, era rodeada por todos os lados por arbustos, árvores no quintal e um pequeno jardim logo na entrada. Nela vivi minha infância.
Eu adorava cada parede sua, sua configuração externa, seus espaços vazios, suas sombras ...
O perfume das roseiras vinha ao meu encontro logo que entrava pelo grande portão de ferro, onde uma corrente dependurada batia toda vez que se fechava o portão.
Minha mãe contou-me que durante uma epidemia – seria de cólera? – haviam morrido todos os moradores dessa casa. Mais tarde, meu nono Aristides a adquiriu e ela foi também, antes de ser a casa da minha infância, a casa da infância da minha mãe.
O quintal de minha casa foi certamente o lugar onde encontrei as sementes que até hoje procuro disseminar do amor e respeito á natureza: as frutíferas que meu nono havia plantado há muitos anos. As aves que aí eram criadas e que eu passava horas observando e admirando. Nossa cachorra Diana, uma policial mestiça, a grande companheira de nossos folguedos, que brincava de esconde-esconde com nós crianças!
O forno de tijolos no quintal, de onde, duas vezes por semana saiam cheirosos pães italianos, cufas e paezinhos doces na forma de pombinhas que minha mãe aprontava para as crianças. O ferro de brasa alimentado com carvão do fogão de lenha ... A água tão quente na grande banheira branca !
As brincadeiras das crianças da redondeza na frente de casa nas noites de verão.
A cama de minha mãe, cheia de todos nós nas noites de frio, onde ela remendando meios e pregando botões, nos contava histórias infantis, que povoavam nossos sonhos e de onde saíamos carregados dormindo, para nossas camas.
A “descoberta” da biblioteca de meu pai, onde eu podia ler tudo, sem censuras. As festas de aniversário. O chocolate quente, os doces caseiros. Os almoços de domingo na grande sala de jantar bem posta. A enorme travessa de massa caseira fumegante, deliciosa ! O doce de abóbora. O manjar branco.
O primeiro dia de escola. O choro de medo. A sensação de estar só. A delícia do aprendizado !
As conversas da família reunida no terraço, depois do jantar. onde meus pais relembravam fatos passados. A Rio Claro antiga, fazendo nascer em nós o amor por nossa cidade e o respeito por aqueles que buscaram e fizeram de Rio Claro, sua morada.
A casa sempre aberta para os amigos, a compaixão pelos menos favorecidos, a busca pelo “novo” e, acima de tudo, a noção de que só o trabalho honesto constrói.
Hoje passo por esta casa e a vejo tão mudada, desfigurada por “modernizações”, qual pessoa idosa que tenta se recompor e disfarçar os anos que chegaram, com o artifício da plástica.
Para mim, vivendo em minhas recordações, ela continua com a mesma beleza dos meus poucos anos, tão viva, tão forte, plena dos sonhos que sonhei, do mundo que busquei e que são relíquias encrustadas em meu coração.
Casa querida! Quanta saudade!
Este fato aconteceu, se não me falha a memória, na capital de São Paulo, à Rua Lopes de Oliveira, bairro Barra Funda, na casa de minha avó materna Amélia, onde eu e minha família residíamos.
Era uma tarde tranquila, ensolarada, de clima ameno, seria primavera. Eu devia ter, mais ou menos, quatro anos, era uma criança esperta e vaidosa.Exigia sempre após o banho, que minha avó me vestisse com lindos vestidos, feitos por ela, enfeitasse meus cabelos com laçarotes de fita colorida.Após este ritual, ficava pronta para sentar no degrau junto ao portão de entrada da casa, vendo o bonde Barra Funda passar, cheio de crianças vindas da escola. Era o meu melhor divertimento.
Nessa tarde, entretanto, eu segurava um lindo balão colorido, com muita alegria, presente de meu irmão mais velho. A alegria durou pouco. Surgiu um moleque, um menino maltrapilho, sujo, correndo como um corisco. Inesperadamente ouvi um “bummmmm” que retumbou no meu ouvido, o balão furou. O menino saiu em disparada gritando alegremente.
Fiquei pasma, parada, engasgada, com o choro na garganta, quase sufocada.Minha avó Amélia assustada com o barulho, veio em meu auxílio.Contei-lhe o acontecido. Eu falava repetidamente : “Foi o me, menino vovó, ele furou o balão, foi o menino.”
Vovó afagou-me, consolando-me disse : - “O menino é pobre, não tem o que você tem. Não chore, minha netinha, eu lhe compro outro.”
Esta cena ficou gravada em minha mente, várias vezes vem “á tona”. Não só o acontecido, mas o seu significado, talvez uma lição de moral, que posso interpretá-la tirando uma mensagem positiva para a minha vida.
“A vida não é feita só de alegrias, mas também de tristezas.”
Devemos enfrentar as vicissitudes com paciência e resignação, pois só dessa forma chegaremos até “ELE”, nosso “Pai Eterno.”
A casa da minha infância - LÍCIA MONACO PERIN
A casa era antiga. Grande. Quase assustadora nas noites escuras sem lua.Localizada numa rua pacata, era rodeada por todos os lados por arbustos, árvores no quintal e um pequeno jardim logo na entrada. Nela vivi minha infância.
Eu adorava cada parede sua, sua configuração externa, seus espaços vazios, suas sombras ...
O perfume das roseiras vinha ao meu encontro logo que entrava pelo grande portão de ferro, onde uma corrente dependurada batia toda vez que se fechava o portão.
Minha mãe contou-me que durante uma epidemia – seria de cólera? – haviam morrido todos os moradores dessa casa. Mais tarde, meu nono Aristides a adquiriu e ela foi também, antes de ser a casa da minha infância, a casa da infância da minha mãe.
O quintal de minha casa foi certamente o lugar onde encontrei as sementes que até hoje procuro disseminar do amor e respeito á natureza: as frutíferas que meu nono havia plantado há muitos anos. As aves que aí eram criadas e que eu passava horas observando e admirando. Nossa cachorra Diana, uma policial mestiça, a grande companheira de nossos folguedos, que brincava de esconde-esconde com nós crianças!
O forno de tijolos no quintal, de onde, duas vezes por semana saiam cheirosos pães italianos, cufas e paezinhos doces na forma de pombinhas que minha mãe aprontava para as crianças. O ferro de brasa alimentado com carvão do fogão de lenha ... A água tão quente na grande banheira branca !
As brincadeiras das crianças da redondeza na frente de casa nas noites de verão.
A cama de minha mãe, cheia de todos nós nas noites de frio, onde ela remendando meios e pregando botões, nos contava histórias infantis, que povoavam nossos sonhos e de onde saíamos carregados dormindo, para nossas camas.
A “descoberta” da biblioteca de meu pai, onde eu podia ler tudo, sem censuras. As festas de aniversário. O chocolate quente, os doces caseiros. Os almoços de domingo na grande sala de jantar bem posta. A enorme travessa de massa caseira fumegante, deliciosa ! O doce de abóbora. O manjar branco.
O primeiro dia de escola. O choro de medo. A sensação de estar só. A delícia do aprendizado !
As conversas da família reunida no terraço, depois do jantar. onde meus pais relembravam fatos passados. A Rio Claro antiga, fazendo nascer em nós o amor por nossa cidade e o respeito por aqueles que buscaram e fizeram de Rio Claro, sua morada.
A casa sempre aberta para os amigos, a compaixão pelos menos favorecidos, a busca pelo “novo” e, acima de tudo, a noção de que só o trabalho honesto constrói.
Hoje passo por esta casa e a vejo tão mudada, desfigurada por “modernizações”, qual pessoa idosa que tenta se recompor e disfarçar os anos que chegaram, com o artifício da plástica.
Para mim, vivendo em minhas recordações, ela continua com a mesma beleza dos meus poucos anos, tão viva, tão forte, plena dos sonhos que sonhei, do mundo que busquei e que são relíquias encrustadas em meu coração.
Casa querida! Quanta saudade!
Assinar:
Postagens (Atom)