Da minha infância - Letícia D. Brunelli
Fui buscar lá na memória,
De uma infância feliz
Uma lembrança querida
Que o tempo assim o quis.
Me recordo com carinho
de um velho amigo já ausente
que permeou meu caminho
e me ofertou um presente.
Escreveu para mim um poema
que tenho até hoje guardado.
É um acróstico com meu nome
escrito num caderno, com cuidado.
Ele fala dos meus olhos,
como ele os imaginava.
Sem nunca tê-los visto
ele em sua poesia afirmava.
Que ternura havia em meu olhar
e celestiais eram os olhos meus;
me comparava a visão de sonho
e na minha candura, um anjo de Deus !
E eu nos meus oito anos
não conseguia ainda atinar
que aquele bom amigo italiano
só com a alma podia me olhar.
Seu nome era Luigi Onetta
e com sua esposa Teresa morava
num quarto bem simples hospedado,
na casa vizinha em que eu habitava.
Eu gostava muito de lhe visitar,
Assim ele tinha com quem conversar,
Um coração de ouro a me ensinar
Que olhos sem vida também podem enxergar.
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Um comentário:
Que bonito esse poema! E que lembrança importante para ser resgatada. Meu avô era cego, eu fiquei emocionada.
Sueli
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