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Uma grande vitória poder divulgar o nosso projeto!
A OFICINA DE LEITURA E CRIAÇÃO LITERÁRIA
3A. IDADE CLARETIANAS FOI UM DOS PROJETOS SELECIONADOS PARA APRESENTAÇÃO NO III FÓRUM DO PLANO NACIONAL DO LIVRO E DA LEITURA E NO III SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECAS, EM AGOSTO DE 2010.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Árvore das Palavras - I


A força das palavras - Geni D. Bizzo

O sorriso muito branco que vemos nos rostinhos com cabelos encaracolados, lisos, crespos, loiros, castanhos, negros, muito compridos, curtos, com tranças, rastafári que se movimentam esbanjando saúde brincando nos pátios das escolas, creches, quintais, playgrounds, e até mesmo nos minúsculos apês e cortiços, nos mostra crianças felizes que não se importam com a condição social nem financeira (embora uma coisa sempre esteja ligada à outra).

Mas essa ligação eles ainda não percebem. Para eles, o que importa é o mundo do faz de conta.”Agora eu era o herói e o meu cavalo só falava inglês...” Para eles, não existe compromisso. As amizades surgem espontaneamente. As afinidades aparecem... E não raro oferecem oportunidades para brotar o amor. “... vem, me dê a mão a gente agora já não tinha medo...”

Ah! Mas como passa rápido esse tempo. Corre célere driblando aqueles que nunca têm tempo, nem paciência, para perceber a beleza davida.

A mudança é inevitável.A infância fica para trás e nova fase chega. Fase linda, mas conturbada. Desejos, ansiedade, o corpo se modifica sem que se tenha o entendimento preciso do que está acontecendo. Lágrimas escondidas, revoltas (não se sabe bem por quê), espinhas, menstruação. A cabeça cheia de perguntas sem respostas. Mas o sonho, este sim, continua no mundo do faz de conta... ”finja que agora eu era o seu brinquedo, eu era o seu pião, seu bicho preferido”...” e você era a princesa que eu fiz coroar e era tão linda de se admirar que andava nua pelo meu país...”

Quantos sonhos! A esperança povoa esses sonhos no silêncio de refúgios mil. E nessa confusão de sentimentos, o compromisso édeixado de lado. Até mesmo os afazeres da escola são negligenciados. Os pais, confusos, perdem a paciência e a paz. Veem-se perdidos. Buscam socorro nos especialistas e nas casas de orações. A fase deles já passou e eles já não sonham mais. Exigem respeito,que não cultivaram , e entram em pane.

O compromisso do jovem é viver a vida. ”Agora eu era o rei era o bedel era também juiz e pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz. Sim: ser feliz. E pronto!

Mas o tempo, implacável, não deixa por menos, e não tem perdão: a maturidade chega. ”Agora era fatal, que o faz de conta terminasse assim. Prá lá desse quintal era uma noite que não tem mais fim...” E a noite longa mostra que os sonhos são outros, o mundo do faz de conta se apresenta cheio de responsabilidades. É a profissão, o trabalho, a luta por um lugar ao sol. São os filhos... e dá-lhecompromisso. O compromisso, que era ser feliz, agora é com a sobrevivência.

Mas, paradoxalmente, num mundo onde imperam a desigualdade, os vícios e a delinquência, sonha-se, felizmente ainda, com aesperança, a paz, o companheirismo e a solidariedade entre as pessoas.

Sonha-se com o despertar das consciências. Para um compromisso maior que é ser e fazer os outros felizes. A frase de Margaret Med expressa muito bem esse pensamento.:

“Nunca duvide que um grupo de cidadãos comprometidos e preocupados possa mudar o mundo; na verdade, esta é a única forma de mudança que pode dar certa”.

Sonhando e trabalhando muito, unindo forças, caminhamos confiantes num futuro melhor, “... no tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido.”

(Obs.: A Geni criou um texto utilizando todas as palavras da nossa dinâmica).


Em defesa do amor - Leticia D. Brunelli

Dizem por ai, que o AMOR não é mais o mesmo !

Nos dias atuais,a palavra AMOR está banalizada, descaracterizada, comercializada. É um clichê !

Até estão satirizando que o amor é uma florzinha roxa que nasce no coração dos trouxas.

Já na poesia é um vocábulo de rima pobre. Rima com dor, suor, horror, terror, credor ! Mas também rima com flor, cor, fervor, ardor, calor ...

Que seria do jardim sem flor?

E do céu sem cor?

Haveria fé sem fervor?

E como a luta seria sem ardor?

Nosso planeta não seria o mesmo sem calor.

Já que o AMOR foi posto nos bancos dos réus, gostaria de ser eu uma testemunha de defesa juramentada.

A fim de ponderar sobre esta minha escolha , fui me informar. Buscando no dicionário encontrei.

“AMOR: sentimento que nos faz desejar o bem de outrem, sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro. Devoção, adoração. Inclinação forte por pessoa de outro sexo; afeição, amizade, carinho, simpatia e ternura, zelo, cuidado.”

Será que o que tenho a dizer virá em favor desta definição?

Tomo coragem! Meu depoimento vai começar.

Nasci primeira neta de ambos os lados. Fui filha única até os oito anos, quando nasceu minha irmã.

Morávamos pegado da minha avó materna, que por sua vez era vizinha da minha outra avó.

Cresci no meio de adultos (avós, tios e tias solteiros). Minha infância foi maravilhosa. Eu era mimada ... e muito amada.

Nas aulas de catecismo (que duravam quatro anos, naquela época), aprendi que os mandamentos se resumiam em:

“Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.”

Fiz ginásio em colégio de freiras e lia textos belíssimos, como a carta de São Paulo aos Coríntios(13,1-8) que começa assim:

“Ainda que falasse línguas,

as dos homens e dos anjos,

se eu não tivesse o amor,

seria como sino ruidoso

ou como címbalo estridente.

Ainda que eu tivesse o dom

da profecia

o conhecimento de

todos os mistérios

e de toda a ciência;

ainda que tivesse toda a fé

a ponto de transportar

montanhas

se não tivesse amor

eu não seria nada.”

Fui catequista durante um tempo e devo ter repetido as palavras de Jesus:

“Amai-vos uns aos outros com Eu vos amei.”

Na juventude me emocionei quando li o “Pequeno Príncipe”. Quem não se lembra de frase como: “Só se vê bem com os olhos do coração, o essencial é invisível para os olhos.”; “Você fica responsável por aquilo que cativa.”

Tempos atrás, numa loja, escutei uma então jovem-senhora, comentar:

- “Passou a época do Pequeno Príncipe. “Aquilo” é conto da carochinha!”

Foi um simples desabafo em sua infelicidade. Passado alguns anos, seu filho tragicamente tira a vida do próprio pai !

Quando estava com vinte anos, me apaixonei por aquele que me acompanha até hoje.

Como poderia me manter enamorada após 42 anos, pela mesma pessoa, se não acreditasse no Amor?

Depois vieram os filhos e mais tarde os netos ... e trouxeram mais Amor, para nossas vidas !

Agora posso afirmar que em toda a minha vida:

Sempre o meu jardim teve muita flor ... olhando o céu, agradeci sua linda cor ... cultivei minha fé com todo fervor ... lutei minhas batalhas sempre com ardor ... e gosto da minha terra com muito calor ! Não imagino minha vida sem AMOR !

Finalizo minha fala, citando Camilo Castelo Branco :

“O AMOR é uma LUZ que não deixa escurecer a VIDA.”


Qual é o peso de cada palavra? - Teresa Moresco

Não fiz curso de português, por isso, me sinto muito frustrada, mas quando paramos um minuto para pensar nas palavras que ouvimos diariamente, percebemos que, de acordo com o contexto, elas tem um peso e um sentido.

Quando a mamãe, brincando com seu bebê o chama de “Tchutchuquinha” apertando sua bochecha, a criança entende que está sendo carregada de ternura, carinho, amor.

Ao contrário, se a mãe chamar a criança de “pirralho” o menino já sabe que está sendo tratado com rancor.

Há palavras doces como (benzinho), amargas (feia, velha), leves (pássaro), palavras pláticas (ondas), palavras tristes (saudade), e por ai vai..

As palavras que dão sobrenomes às pessoas também têm sua história. Por exemplo, na Itália, grande parte dos sobrenomes ou nomes atribuídos às pessoas, faziam uma referência a um característica particular da família ou do lugar onde viviam.

Só para exemplificar, vou tomar a liberdade de citar nomes de descendentes italianos que moram em Rio Claro. Conhecemos famílias cujo sobrtenome é Fontana Fontenete.

Segundo um texto que li no Diário do Rio Claro, escrito por um dos filhos da família, os antepassados moravam perto de uma pequena fonte, que ele tinha ido conhecer na Itália.

Já na minha família, tinha muitos primos cujo sobrenome era “Brancalhones”. cujas características físicas eram ser brancos de pele, cabelos claros, olhos azuis; tudo muito claro.

Às vezes me pergunto: qual teria sido o critério para nomear as coisas? E ai vou pensando nas palavras. Libélula, logo me vem à mente algo leve, esvoaçante. Ao contrário de elefante, lembra algo pesado, lento, espaçoso, monótono.

Divagando ainda mais sobre o peso de cada palavra, lembro-me de uma senhora, moradora de um apartamento próximo a uma favela . Todo dia filmava a ação dos traficantes empunhando armas de grosso calibre, lutando pela conquista dos seus territórios sobre as favelas.

Tudo isto me trouxe à lembrança a palavra consciência. Na luta pelo dinheiro, “para levar vantagem em tudo “, passa-se por cima de todas as palavras que dão sentido à vida, tais como: respeito, dignidade, amor, compaixão, solidariedade, etc...

Se tomarmos essas mesmas palavras para passar em revista todas as nossas instituições, desde a igreja até o Planalto Central (Brasília), notamos que realmente o nosso vocabulário, empobreceu, porque muitas das mais belas palavras que formavam os valores da sociedade, estão ausentes, principalmente a palavra consciência.


Um comentário:

Anônimo disse...

Estou impressionado! Quero fazer algo parecido aqui na UFBa, será que podemos conversar pelo msn ou email?

Aguardo seu contato.

Paulo Sergio

psergiocurvo@uol.com.br