Exclusão: uma lembrança - Geni D. Bizzo
Minha infância, foi, eu diria, igual à de toda criança pobre da periferia do interior: pés descalços, perebas, dorsos nus, roupas rotas, conjuntivite, piolhos e tantas outras características que marcam essa fase cheia de surpresas, de descobertas. Os brinquedos eram de fabricação própria, cuja matéria-prima eram as quinquilharias que juntávamos com muita alegria. Não havia luz elétrica nem água encanada, mas sobrava criatividade nas cabecinhas cheias de sonhos.
São infinitas as cenas que memória insiste em trazer à baila, como que a brincar com nossa imaginação. Uma em especial vem à baila, na frente das outras, como que a dizer: sou eu! sou eu! Talvez seja porque Casimiro de Abriu tenha a ver com a história. Está lá, em seu poema “oito anos”:
..”Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava as Aves Marias...”
Pois é. Foi numa reza que tudo começou. Explico. Tinha eu meus oito anos e, como meus pais, ia à missa todos os domingos, ao catecismo, às procissões e a todas as atividades que a igreja proporcionava. Aproximava-se o dia de uma procissão especial, em que Nossa Senhora seria coroada. A catequista solicitou que todas as meninas que tivessem vestidos azuis ou brancos dessem seus nomes para comporem o cortejo que envolvia o andor.
Eu e minha irmã tínhamos. Vestidinhos de algodão muito simples, mas das cores pedidas.Demos nossos nomes, todas contentes. Chegou o dia esperado. Lá fomos nós, orgulhosas e felizes em nossos vestidos. Mas alegria de pobre dura pouco, diz o ditado. Havia muitas meninas lindas em seus vestidos de organdi suíço cheios de babados e fitas largas. Combinavam com o tecido que pendia do andor. E lhe davam um glamour todo especial. E fomos colocadas no final da fila, para não macular a imagem da santa.
Mesmo em nossa inocência, sentimo-nos excluídas. Não pela pobreza que ostentávamos, mas por termos sido afastadas da santa de nossa devoção, por ficarmos impedidas de sentir a emoção de caminhar a seu lado. Não lembro bem a intensidade do que sentimos na hora. Mas deve ter sido doído demais, para o fato ficar marcado em minha memória até hoje. É... a memória brinca e machuca.
Nesses longos anos aprendi muito. Como, aliás, continuo aprendendo. Mas é difícil entender certas coisas. Nunca se falou tanto em “exclusão” como agora. É a palavra da moda. Muitos vão às ruas, a defender ideias e causas de que pouco sabem ou que nada conhecem. Saem em defesa dos excluídos, das minorias mil, dos SEM TUDO...
Para mim, excluir significa essencialmente afastar, desviar, eliminar, lançar fora, pôr à margem, privar. Por isso, penso: e se deixássemos de lado esses modismos e falássemos, ou melhor, lutássemos mais para lançar fora o egoísmo, o preconceito, o desprezo pelas ideias que não são suas, pelos sentimentos dos outros, por inferiores que pareçam?
E se trabalhássemos para extirpar o desrespeito pelo trabalho dos outros, pelo patrimônio público, pelo país de um modo geral?
E se lutássemos para incluir nossas crianças e jovens num mundo melhor, onde a preocupação fosse com o próximo, e não com minorias ou maiorias? Se assim fosse, talvez pudéssemos todos nos lembrar com saudade da aurora de nossas vidas, como fala o poeta.
O que é exclusão? - Letícia D. Brunelli
Quando ouvimos falar em exclusão, pensamos logo em exclusão social. Esse termo é usado para se referir a uma camada da sociedade que não tem acesso aos direitos básicos de um cidadão: moradia, educação, saúde, saneamento básico e outros.
Neste caso, os excluídos são pessoas anônimas, invisíveis e substituíveis! São ainda amplamente exploradas pela política vigente.
Porém, encontramos outros tipos de exclusão em outros níveis da sociedade.
A mais radical é a exclusão penal que retira os criminosos da sociedade a fim de puni-los , e é chamada de reclusão.
A exclusão racial fomentada pelos preconceitos que remontam à época da escravatura.
A exclusão física, que, em épocas passadas, se observava nas quarentenas e para com os doentes de lepra e outras doenças contagiosas. Agora é propaganda nas campanhas antitabagistas, contra os fumantes .
A exclusão moral onde os alvos são os adeptos da prostituição, do homossexualismo e da pornografia.
Temos também, bem marcante, a exclusão financeira, em que as pessoas são selecionadas por seu poder aquisitivo.
Pelo mundo a fora, podemos encontrar exclusões culturais e religiosas que geram conflitos e guerras.
Quem da nossa idade não deparou com as exclusões etária e estética?
Só está na moda quem é jovem e magro!
Mas a exclusão mais sentida íntimamente é a emocional. Ser privado de um sentimento é muito doloroso!
Quer maior sofrimento que amar sem ser amado? Amor e desprezo: duas palavras que não combinam!
Ainda me resta falar de uma exclusão pessoal e unilateral. Ocorre quando o ser humano exclui Deus de sua vida.
Ele se torna, ao mesmo tempo, o agente que exclue e o passivo que se sente excluído. Pondo de lado, em sua vida, a presença paterna e confortante de Deus, a criatura se vê diante de um vazio que nunca será preenchido por nenhum bem terrestre. Ela nunca será capaz de avaliar o que perdeu com sua escolha: o amor incondicional de seu criador.
Pense bem! - Maria Inês M. Filier
Quem nunca foi discriminado nesta vida? Quem nunca sentiu na própria pele a indiferença de alguém? Quem nunca se sentiu rejeitado, humilhado, maltratado? De uma forma ou de outra, por um motivo ou outro, todos nós fomos discriminados, algum dia, por algo ou por alguém.
Tem gente discriminado porque é feio, isto é, se existe alguém feio; porque é bonito, branco, negro, índio, japonês, chinês, português, brasileiro, alto,baixo, magro, careca, cabeludo, desdentado, chato, bom demais, ruim, pobre, rico, timbre de voz (grossa ou fina), fala demais, tímido, agressivo, do tipo não chove, nem molha, deficiente, dependente, independente, reclama demais, chora demais, não chora nunca, ri demais, quase nunca ri, estuda demais, não estuda nunca, trabalha demais, boa vida, reza muito, nunca vai a igreja, não sai da igreja, canta muito, não gosta de cantar... E muitas outras discriminações que poderia apontar e, principalmente, aquela que você conhece muito bem, que tanto a prejudicou, que é bom nem tocar no assunto. Tem gente que se autodiscrimina, e como isso é complicado!
E a discriminação dentro da própria família, na minha opinião é uma das que mais nos ferem, porque, alguém de fora falar é uma coisa, mas alguém em quem você deposita total confiança discriminá-la, machuca muito, magoa, entristece e nos faz sentir muito mal.
PENSE BEM ! Se, ao invés de nos discriminarmos, nos nós perdoássemos mais, sendo mais misericordiosos uns com os outros, fizéssemos aos nossos semelhantes exatamente o que gostaríamos que fizessem a nós, seríamos mais felizes e principalmente faríamos mais pessoas felizes.
PENSE BEM ! Da próxima vez que você for discriminar alguém se é isso que você iria querer para você mesmo.
PENSE BEM ! Que tal discriminarmos menos e respeitarmos mais, aumentando nosso grau de amizade e de AMOR no mundo. PENSE BEM!
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