quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Conversa no Jardim
Debaixo do caramanchão florido, olhos semicerrados, negras madeixas beijadas pelo vento, a menina parecia dormir. As cores pálidas da madressilva exalavam perfume suave, combinando com a simplicidade dos pequenos buquês mesclados de vermelho e branco.
O silêncio da tarde só era quebrado pelo nhec-nhec do balanço que lhe serve de moldura. Como que a compor esse quadro campestre, seus companheiros vão chegando: uma lagartixa que corre, um beija-flor que se farta de néctar, uma salamandra que se agarra a um tronco, um gatinho ronronando que se espicha no seu colo. Uma libélula traça filigranas no ar, depois assenta-se rapidamente nas águas tranquilas do lago sereno logo à frente.
Em meio a isso tudo, as flores que compõem esse lugar mágico põem-se alerta: algumas abelhas aproximam-se perigosamente, atraídas pelo doce da calda do picolé que a menina distraidamente deixara derretendo, vencida pelo sono. Diligentemente, cuidaram de desviar a atenção das pequenas voadoras, antes que um movimento involuntário da menina provocasse um acidente.
Passado o perigo, as flores voltam a fazer o que mais gostam, neste éden encantado: filosofar. Sim. Qualquer acontecimento era motivo de grandes e acaloradas discussões entre elas, num debate que, às vezes, se estendia até quase o crepúsculo.
O assunto desta manhã fora justamente provocado pela menina. Por que, indagavam elas, a garota insistia em manter os olhos fechados, mesmo frente ao perigo iminente? O girassol, achando-se o máximo, colocou-se como mediador. Afinal, que outra flor teria sua capacidade de acompanhar com o olhar o caminho trilhado pelo deus-sol? E propôs que a discussão abordasse as diversas formas de se comportar dos humanos, com seus diversos “olhares”.
Maria-sem-vergonha, aparecida como sempre, foi a primeira a falar:
— Tenho umas parentes que vicejam em um campinho de futebol. Elas me contam tudo o que acontece com os humanos que frequentam aquele lugar. Digo de cadeira: As pessoas não vão lá só para se divertir e praticar esporte. Muitos deles estão à espera de que alguém os veja. Mas não é um alguém qualquer. Chamam a ele “olheiro”, uma pessoa que vive de caçar talentos. Os jogadores esperam uma oportunidade de ser convidado para treinar em grande time e, para isso, não perdem a oportunidade de se exibir, mostrado seus conhecimentos de futebol. Os olheiros funcionam como uma espécie de instituição, que capta talentos esportivos em todo o mundo.
A ninféia quase não deixa a colega terminar. Emendou:
— Você falou em olheiro e me fez lembrar. Vivo na água, vocês sabem. Em um lago, é bem verdade. Mas sei tudo sobre o mar. Certa vez, estava um grupo de pescadores conversando e um deles contou sobre a pesca artesanal de tainhas, iniciada pelos colonizadores açorianos lá pelos idos de 1692, quando chegaram à ilha. E sobre o trabalho de “olheiros” também. Por isso me lembrei.
E continuou: — Por volta das quatro da manhã, esses homens sobem aos costões do mar para espreitar a chegada dos peixes e informar aos pescadores que aguardam na praia a exata localização dos cardumes e a hora certa para iniciar a pesca.
— Pois eu vejo o olhar por outro ângulo.
Todas as demais flores calaram-se. Era a espada de são jorge, com suas voz tonitruante, porte militar, postura ereta, fardas engomadas, a impor o respeito de todas. Aproveitou o silêncio que se fez para continuar:
— O assunto faz-me lembrar os filmes da idade média, assunto da conversa de dois jovens neste mesmo balanço em que descansa a garotinha. Diziam eles que os comandantes das armadas dos grandes castelos medievais colocavam sentinelas ao redor de toda a muralha.
— E é do olhar atento daqueles soldados que dependia toda a segurança do castelo, completou a espada de são jorge.
O girassol, do alto de sua magistratura, a tudo acompanhava, com ar de superioridade, fingindo a tudo entender, para disfarçar a sonolência que tanta informação produzia.
No pequeno vácuo que se fez, a camélia criou coragem. Mesmo sem querer se exibir, disse:
— Nós, camélias, somo o símbolo dos abolicionistas. Servíamos de senha para identificar os cavalheiros abolicionistas e, com isso, ajudar os negros fujões.
— Mas o que isso tem a ver?, apartou o mal-me-quer, com o humor ácido que lhe é peculiar.
— Você não sabe? O olhar atento dos escravos buscava jardins das casas onde houvesse um pé de camélia, sinal de compromisso com a causa.
A orquídea, com as pétalas ainda respingadas pelo orvalho que o sol não secara, ouvia em silêncio. Achava tudo aquilo interessante, mas entendia que era hora de mudar o rumo da prosa, como costumava dizer. Ela, que já havia sido palco de inúmeras experiências de cruza, dizia-se esperta em assuntos visuais. E, querendo imprimir um ar mais científico à conversa, iniciou seu discurso:
— O olho é o dispositivo mais engenhoso da natureza. Em princípio poderíamos compará-lo a uma câmara fotográfica. A objetiva da câmara equivale à córnea, as pálpebras encarregam-se de mantê-la limpa, clara e livre de tudo que possa turvá-la. Ambos os olhos se movimentam coordenadamente para que possam seguir o objeto observado. Apesar de sua importância, nem todos têm o cuidado devido com seus olhos e não valorizam o sentido da visão em toda sua magnitude.
O girassol, agora já meio cansado, dizia, com a voz a trair um certo enfado:
— O próximo, por favor.
A rosa, que esperava silenciosa e pacientemente sua vez, naquela manhã estava especialmente mais linda ainda, deslumbrante mesmo. Com toda sua ternura mística, propôs-se a falar do olhar sob um novo enfoque: o olho na simbologia. E começou:
— O olho, órgão da percepção visual, é reconhecido quase que universalmente como o símbolo da percepção intelectual. É assim que temos, sucessivamente, o olho físico na sua função de recepção da luz; o olho frontal, o terceiro olho, e, finalmente, o olho do coração. Todos os três recebem luz espiritual. Na filosofia, o olho também denota visão, maneira de ver.
Silenciosa, a doce violeta, exalando seu suave perfume, se desvencilha das folhas que a protegem e também a escondem e enfatiza, serena:
— Bem-aventurados os vossos olhos, porque veem,... *
— Refletir sobre nosso modo de ver, eis a questão. E continuou, com a humildade que lhe é peculiar:
— Olhos... patrimônio de todos. Encontramos, porém, olhos diferentes em todos os lugares. É preciso estar atento e forte para discernir, pois, segundo asseverou o apóstolo Paulo de Tarso, “Tudo me é lícito, nem tudo me convém”. É preciso critério, equilíbrio e, principalmente, atenção em nosso caminhar pela vida, para não sermos surpreendidos por situações perigosas, consequência de um olhar desatento.
Antes que o girassol desse por terminada a reunião – estava louco para isso –, a natureza veio a seu favor e o ajudou a encerrar o assunto, mesmo que outras flores estivessem doidas para falar.
Uma rajada de vento frio despertou a garota que, esfregando os olhos, espantou as abelhas. Ainda sonolenta, enquanto espreguiçava, veio-lhe a nítida impressão de que sonhara. Esforçou-se por lembrar e, passando a mão pela testa, achou engraçado quando lembrou-se de alguém que lhe falara sobre o “terceiro olho”, localizado no ponto entre as sobrancelhas, que, segundo a tradição hinduísta, está ligado à capacidade intuitiva e à percepção sutil.
Nisso, uma abelha retornou. Ela, agora atenta, intuitivamente a espantou e acabou por se lembrar do sonho (embora não dos personagens). Nele, lembrava-se agora, havia sido enfatizada a atenção ao modo de ver e perceber as coisas. Recordou-se de seu grupo de amigos escoteiros, cujo lema no mundo inteiro é: SEMPRE ALERTA.
E... já que havia despertado, aproveitou para percorrer com mais atenção o jardim, observando a beleza de cada flor. Instintivamente, começou dialogar com elas, como que agradecendo a oportunidade do aprendizado.
Texto de Geni D.Bizzo
* Matheus. 13,9... 17
Meu xodó
Meu xodó - Mariângela J. Pezzotti Gomes
Tive e cuidei com muito carinho de tartarugas, aquário com lindos peixes coloridos, gaiolas com canários do reino e gloster, estas avezinhas recebiam nomes de tenores famosos como: Pavaroti, Caruso e outros, por seu trinar forte e alto. Muitas vezes até parava para ouvir com mais atenção, seus cantares melodiosos!
Um mínimo de corpo,
Num máximo de voz!
Essa tendência e apego por animais não parou por aí, apesar de ser mordido por dois cães bravos, mas, graças à Deus sem grandes conseqüências, permaneceu a vontade de possuir um cão.
Em dois mil e oito adquiri de uma família criadora de cães, uma cadelinha Poodle à qual foi dado o nome de Mel, por possuir pelagem aveludada da cor abricot. Suas orelhas eram um charme só; compridas iniciavam num abricot claro, terminando em degrade nas extremidades num castanho avermelhado. Foi amor a primeira vista!
Tão pequenina, cabia em uma caixa de sapatos quando a trouxe para casa! Trinta e sete dias, não havia sido vacinada, nem vermifugada, mas de imediato as providências foram tomadas.
Hoje a Mel já é uma linda e dócil mocinha, está mudando a cor de sua pelagem, mas ainda conserva a cor abricot. Ela é tratada com muito carinho e amor. Sua ração é própria para sua idade e raça, tem casinha e caminha, não dorme fora, tem um lugarzinho especial dentro de casa. Banha-se semanalmente chegando em casa toda cheirosa e enfeitada com lindos lacinhos coloridos nas orelhas e as vezes até no pescocinho. Hoje mesmo está toda rosa. Nas orelhas, flor feita de pedrinhas cor de rosa brilhante, fita de organdi com pingente de pedrinhas rosa no pescocinho. Pode isso?
As tias do banho e tosa são demais! Ela é só uma cadelinha!
Mas não é só isso, Mel é muito inteligente e observadora, se empolga com os passarinhos que aparecem no quintal, fica muito agitada correndo de cá pra lá em volta da piscina. Na verdade faz Cooper o dia inteirinho. Quando cansa, fica sentadinha na porta da varanda admirando-os.
Todos os dias parece até que tem hora marcada, vem um casal de pombinhos e se instalam em cima do muro que é bem alto. Da varanda a Mel observa-os seriamente, parece estar pensando:- ah se eu pudesse pegá-los, eles são tão bonitinhos!... Depois de um determinado tempo eles vão embora e a Mel que também já fez muito Cooper e está cansada, vem descansar na sua caminha.
Como ela é muito esperta e entende muitas palavras da nossa língua, não posso pronunciar, carro, coleira e passear.Quando as ouve, se posta na frente do armário onde fica guardada a coleira e até que a pegue, se põe a olhar para a mamãe ou o papai porque sabe que eles é que vão leva-la passear.Os caninos não falam, mas entendem tudo! Se naquele momento não posso levá-la comigo, digo que agora ela não pode ir, mas que depois nós vamos passear; ela fica me olhando com ar de coitada, abaixa a cabecinha e vai para a poltrona que fica de frente para a porta, enfunada. Quando chego, ela corre na porta a me recepcionar com muita alegria e como prometido lá vamos nós, nem que seja numa pequena voltinha para retribuir tanta devoção.
Sabe brincar com a bolinha, alguém joga ela vai buscar e trás de volta. Na hora de dormir, às vezes cisma de querer brincar, mas é só falar:- Agora não, todo mundo vai nanar; a mamãe, o papai, a vovó e a Mel. Não precisa falar mais nada, no mesmo momento ela vai para sua caminha. Ela é muito esperta e obediente!
Ela é mesmo meu xodó! Companheira entende quando estou triste ou alegre. Domina a casa com sua hiper-atividade, graça e peraltices.
É inestimável a troca de afeto existente em nosso relacionamento. Quantas lições um animalzinho tão delicado nos trás: persistência, lealdade, companheirismo, simplicidade.....
A Mel é uma benção! Ela resgatou a alegria na nossa família! A vovó fez até uma paródia:
“ Era uma casa muito tristinha,
porque não tinha uma cachorrinha.
e gosta muito de brincar com a gente..."
Um mínimo de corpo,
Num máximo de voz!
Essa tendência e apego por animais não parou por aí, apesar de ser mordido por dois cães bravos, mas, graças à Deus sem grandes conseqüências, permaneceu a vontade de possuir um cão.
Em dois mil e oito adquiri de uma família criadora de cães, uma cadelinha Poodle à qual foi dado o nome de Mel, por possuir pelagem aveludada da cor abricot. Suas orelhas eram um charme só; compridas iniciavam num abricot claro, terminando em degrade nas extremidades num castanho avermelhado. Foi amor a primeira vista!
Tão pequenina, cabia em uma caixa de sapatos quando a trouxe para casa! Trinta e sete dias, não havia sido vacinada, nem vermifugada, mas de imediato as providências foram tomadas.
Hoje a Mel já é uma linda e dócil mocinha, está mudando a cor de sua pelagem, mas ainda conserva a cor abricot. Ela é tratada com muito carinho e amor. Sua ração é própria para sua idade e raça, tem casinha e caminha, não dorme fora, tem um lugarzinho especial dentro de casa. Banha-se semanalmente chegando em casa toda cheirosa e enfeitada com lindos lacinhos coloridos nas orelhas e as vezes até no pescocinho. Hoje mesmo está toda rosa. Nas orelhas, flor feita de pedrinhas cor de rosa brilhante, fita de organdi com pingente de pedrinhas rosa no pescocinho. Pode isso?
As tias do banho e tosa são demais! Ela é só uma cadelinha!
Mas não é só isso, Mel é muito inteligente e observadora, se empolga com os passarinhos que aparecem no quintal, fica muito agitada correndo de cá pra lá em volta da piscina. Na verdade faz Cooper o dia inteirinho. Quando cansa, fica sentadinha na porta da varanda admirando-os.
Todos os dias parece até que tem hora marcada, vem um casal de pombinhos e se instalam em cima do muro que é bem alto. Da varanda a Mel observa-os seriamente, parece estar pensando:- ah se eu pudesse pegá-los, eles são tão bonitinhos!... Depois de um determinado tempo eles vão embora e a Mel que também já fez muito Cooper e está cansada, vem descansar na sua caminha.
Como ela é muito esperta e entende muitas palavras da nossa língua, não posso pronunciar, carro, coleira e passear.Quando as ouve, se posta na frente do armário onde fica guardada a coleira e até que a pegue, se põe a olhar para a mamãe ou o papai porque sabe que eles é que vão leva-la passear.Os caninos não falam, mas entendem tudo! Se naquele momento não posso levá-la comigo, digo que agora ela não pode ir, mas que depois nós vamos passear; ela fica me olhando com ar de coitada, abaixa a cabecinha e vai para a poltrona que fica de frente para a porta, enfunada. Quando chego, ela corre na porta a me recepcionar com muita alegria e como prometido lá vamos nós, nem que seja numa pequena voltinha para retribuir tanta devoção.
Sabe brincar com a bolinha, alguém joga ela vai buscar e trás de volta. Na hora de dormir, às vezes cisma de querer brincar, mas é só falar:- Agora não, todo mundo vai nanar; a mamãe, o papai, a vovó e a Mel. Não precisa falar mais nada, no mesmo momento ela vai para sua caminha. Ela é muito esperta e obediente!
Ela é mesmo meu xodó! Companheira entende quando estou triste ou alegre. Domina a casa com sua hiper-atividade, graça e peraltices.
É inestimável a troca de afeto existente em nosso relacionamento. Quantas lições um animalzinho tão delicado nos trás: persistência, lealdade, companheirismo, simplicidade.....
A Mel é uma benção! Ela resgatou a alegria na nossa família! A vovó fez até uma paródia:
“ Era uma casa muito tristinha,
porque não tinha uma cachorrinha.
Porém um dia a Mel chegou,
e a nossa casa alegre ficou.
Ela faz Cooper o dia inteirinho,
correndo atrás dos passarinhos.
Ela é bonita e inteligente,
Sermão aos burros
Sermão aos burros - Letícia D. Brunelli
Hoje me dirijo a vós, seres vivos, a quem os homens pouco prezam e aos quais denominaram “burros”.
Vossas virtudes, ignoradas por eles, são reveladas em atitudes, que só homens de grande valor moral, revelam : lealdade, paciência e gentileza.
Vós não sois elegantes e belos como seus primos mais nobres, os “cavalos”. Não sois adeptos do trote aristocrata, nem possuís o brilho na crina, nem a ondulação da cauda.
Mas, vós sóis firmes e constantes na lida, que requer força e inabalável vigor físico.
Deveis continuar assim!
Vós não sois caprichosos e rabujentos como seus primos plebeus, os “jumentos”. Esses gostam de empacar frente a um desafio ou diante de uma situação indesejada.
Não deveis imitar tais atitudes!
Vós não recuais perante o íngreme caminho, nem frente à aridez da estrada.
Sois digno quando citados em trechos bíblicos, como no cenário de presépio junto à manjedoura que serviu de berço ao Menino Deus.Também apareceis transportando o Menino Jesus, no colo de sua mãe Maria, guiado por José, através de imensos desertos, até um refúgio seguro em terras do Egito.
Não sois a massa bruta, nem tendes a força de um trabalho servil, observada nos bovinos, que mansos e indolentes puxam o arado.
Vós levais os homens e todos os seus pertences sobre vosso lombo, qual amigo que oferece amparo e gentileza.
Não me é difícil imaginar-vos entrando em Jerusalém, trazendo Jesus para os aplausos e acenos das folhas de palmeira.
Montado por Sancho Pança, vós seguistes, sem dúvida os passos de Dom Quixote !
Vós tendes a lealdade de um parceiro e a resignação de um mártir.
Vós tendes a coragem de um guerreiro e a obstinação de um profeta.
Vós sóis, com vosso nobre perfil, um exemplo de luta, trabalho e dedicação para toda a humanidade.
Que Deus vos conserve e abençoe !
Hoje me dirijo a vós, seres vivos, a quem os homens pouco prezam e aos quais denominaram “burros”.
Vossas virtudes, ignoradas por eles, são reveladas em atitudes, que só homens de grande valor moral, revelam : lealdade, paciência e gentileza.
Vós não sois elegantes e belos como seus primos mais nobres, os “cavalos”. Não sois adeptos do trote aristocrata, nem possuís o brilho na crina, nem a ondulação da cauda.
Mas, vós sóis firmes e constantes na lida, que requer força e inabalável vigor físico.
Deveis continuar assim!
Vós não sois caprichosos e rabujentos como seus primos plebeus, os “jumentos”. Esses gostam de empacar frente a um desafio ou diante de uma situação indesejada.
Não deveis imitar tais atitudes!
Vós não recuais perante o íngreme caminho, nem frente à aridez da estrada.
Sois digno quando citados em trechos bíblicos, como no cenário de presépio junto à manjedoura que serviu de berço ao Menino Deus.Também apareceis transportando o Menino Jesus, no colo de sua mãe Maria, guiado por José, através de imensos desertos, até um refúgio seguro em terras do Egito.
Não sois a massa bruta, nem tendes a força de um trabalho servil, observada nos bovinos, que mansos e indolentes puxam o arado.
Vós levais os homens e todos os seus pertences sobre vosso lombo, qual amigo que oferece amparo e gentileza.
Não me é difícil imaginar-vos entrando em Jerusalém, trazendo Jesus para os aplausos e acenos das folhas de palmeira.
Montado por Sancho Pança, vós seguistes, sem dúvida os passos de Dom Quixote !
Vós tendes a lealdade de um parceiro e a resignação de um mártir.
Vós tendes a coragem de um guerreiro e a obstinação de um profeta.
Vós sóis, com vosso nobre perfil, um exemplo de luta, trabalho e dedicação para toda a humanidade.
Que Deus vos conserve e abençoe !
O príncipe e a andorinha
Conto de fadas recontado por Licia M. Perin
Há muito tempo num reino muito distante, houve um príncipe querido por todos os seus súditos. Justo e humano, governava democraticamente.
Para tristeza de seu povo, aconteceu dele morrer prematuramente. Desolados, os habitantes do lugar ergueram , no ponto mais alto do reino, uma estátua de metal riquíssima, toda cravejada de jóias, para que ele nunca fosse esquecido. Conseguiam enxergar o monumento de qualquer lugar que estivessem ... e sentiam orgulho por terem tido um governante tão justo, ético e voltado as necessidades de seu povo !
O tempo foi passando ... Mudando os governantes, alterando a forma de vida, empobrecendo a todos e trazendo a miséria para os moradores do reino.
Certo dia, uma andorinha migratória separou-se de seu bando, desviando-se da rota encetada pelo milagre que conduz os pássaros de um continente para outro, guiados por um “radar” que só pode provir de alguém muito maior ...
A andorinha entendeu que o alto da copa do chapéu da estátua do príncipe, seria aconchegante e segura. Fez ai seu ninho.
Todas as noites, ao retornar de sua busca por alimento, conversava com o príncipe:
____ Andorinha, vejo ao longe, uma casinha com crianças passando fome. Por favor, leve até eles uma esmeralda que enfeita minha túnica.
Noite após noite o pedido se repetia. A andorinha reclamava :
____ Príncipe, preciso ir-me embora. O inverno se aproxima. Logo não conseguirei alcançar meu bando !
Mas, o pássaro não resistia aos pedidos misericordiosos do ex-governante e repetia seu gesto, levando outras pedras preciosas aos lares miseráveis.Então, as pedras terminaram.
Passando pelo local, os nossos governantes acharam inútil manter o antes belo monumento e decidiram pô-lo abaixo.
____ Para que conservar uma estátua sem razão de ser , feia e velha ... Passem um trator nela !
Quando derrubaram o monumento, encontraram dentro dele um coraçãozinho partido e no chão ao lado, o corpinho inerte de uma andorinha morta!
Observação da contadora:
Li esta histórinha quando tinha 8 anos e chorei pela andorinha e pelo jovem governante, solidários com a pobreza, doando a própria vida por outrem. Hoje, aos 80anos, volto a me comover com esta história, chorando na profundeza do meu ser ao ver que nada mudou. Os exemplos de amor quase sempre são esmagados por máquinas de incompreensão e as criaturinhas indefesas, sucumbem na brutalidade do egoísmo.
Theo
Ondas gigantescas batem na parede transparente e, ao descerem, compõem uma forte correnteza em direção ao gargalo da enorme cratera, por onde se escoam as águas.
Observo entre assustado e curioso o lindo espetáculo. Folhas enormes da renda portuguesa se contorcem, varrendo o chão encharcado. Aves, acostumadas como eu a alçar pequenos vôos, cruzam os espaços macios da “enorrrrrrrme...” residência. Neste momento, me imagino planando por sobre as árvores, sentido o frescor agradável da atmosfera lavada pela chuva torrencial. Mas não posso ir além. Embora seja livre num espaço relativamente grande, minha liberdade é limitada. Não tenho condições de sobrevôo e não mais conseguiria viver sem a proteção dos humanos.
Lembro-me de que sou uma ave da família das calopsitas. Meu nome é THEO. Sinto-me um pequeno humano, dividindo espaço com uma companheira que, humana, sente-se uma enorme calopsita. Nossa história é bonita. Cheguei nesta casa num momento difícil e de muita tristeza. Fui trazido como presente por um parente dela, para ser seu companheiro divertido e leal. E cumpro meu papel. Entendemo-nos muito bem. Às vezes até pelo olhar. Nossas vidas são tão semelhantes que até nos confundimos.
Meus antepassados são da Austrália. Nossa migração só começou a acontecer em meados do século XIX. Foi quando os antepassados de minha companheira também partiram em busca de novas terras. Foi nessa mesma época – um pouco depois, talvez – que tomaram o navio na Itália rumo a este país maravilhoso em busca de dias melhores.
E as semelhanças não param por aí.
Somos divertidos, leais, inteligentes, nos adaptamos muito bem às situações adversas; sentimos fome, medo, frio, alegria, dor, tristeza, aceitação, rejeição.
Eu, como não conheço a vida lá fora, me sinto um “lorde de plumas”. Sou bonito, com penas coloridas e a cara vermelha, parecendo maquiadas com cuidado. Vivo numa gaiola aberta, colocada bem no alto de uma escadinha, que uso como academia, num sobe e desce constante. Tenho total liberdade para ir e vir na residência. Adoro ser tocado, acariciado, mas só quando me sinto confiante. Retribuo da mesma forma. Sou dócil e afetuoso, aprendo com facilidade as músicas que me ensinam.
Ela, ah... Ela também. É alegre, divertida, elegante, gosta de cantar, é sonhadora. E, como eu, embora se diga livre, não o é verdadeiramente. Vive prisioneira dos medos, tensões, aflições de como conduzir a vida. Tem medo do que possa lhe acontecer, embora se afirme com muita fé e a tem, às vezes fraqueja e se torna prisioneira de preconceitos, de ansiedades, de julgamentos.
Quando pode “voar” com seu anjo de pés de borrachas, o faz de maneira tacanha, com os vidros fechados e embaçados, sentindo a cada passo o pavor de alguma aproximação. Angustia-se, tem medo de não dar conta do recado quando a dor ou a necessidade se aproximarem. Como enxergar a vida diante da escravidão materializada na presença do medo, configurando a vida super-avaliada nas necessidades criadas pela ansiedade?
Se eu pudesse verbalizar, diria:* “Olhai as aves do céu, que nem semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai Celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?”
Qual a diferença entre as necessidades do Homem e das aves? Está em uma palavra: Consciência. É ela que dá ao homem a dimensão do tempo e do espaço, das suas necessidades, de sua finitude. Isso não acontece com nenhum outro ser, nem mesmo aves, como eu.
Claro, sei que as necessidades dos humanos são maiores que as nossas. Como sei que necessidades geram ansiedades, medos, que os aprisionam cada vez mais. Mas, mesmo assim, procuro transmitir com meu olhar o que penso: confie, seja firme e forte para que, depois da “chuva” de preocupações e de problemas, a “atmosfera da alma” esteja lavada e protegida com o conforto que Deus nos concede.
Continuo observando a chuva, enquanto ela dorme recostada no sofá. Talvez sonhe livre e, voando nas asas livres de um sonho, tenha a consciência do que nos diz o filósofo Sêneca “A vida é feliz”, E sem ansiedades e preocupações, sua vida irradiará alegria, tranquilidade e bem-estar perenes.
E que ela, finalmente, possa perceber que às vezes precisamos dar uma pausa nas nossas angústias para despreocupadamente vivermos o que é simples, como a vida das aves.
Texto e foto de Geni D. Bizzo
A compaixão nos olhos de Tigrão
Os olhos são a primeira coisa que chamam a minha atenção nas pessoas, porque eles transmitem muito o que a pessoa tem no coração, ou o que estão sentindo naquele momento.
Mas há uns dias atrás, os olhos de um animal me chamaram a atenção e me emocionaram.
Tigrão é um cão Fila negro tigrado (com listras amareladas), enorme, lindo, amigo e leal, com mais ou menos 8 anos de idade e pertence ao meu irmão, cunhada e duas sobrinhas.
É meigo, alegre, carinhoso e brincalhão com as pessoas que conhece e gostam dele; porém, com estranhos que passam na rua e ás vezes mexem com ele no portão, se torna uma fera para proteger a família.
Também é muito inteligente e sensível, porque, se eu ou outra pessoa chega na casa e não vai até o quintal cumprimentá-lo e dar um pouco de atenção a ele, depois de um tempo quando resolve ir, ele não levanta a cabeça, fica sentado como se a pessoa não estivesse ali, totalmente indiferente e digo com certeza, até magoado.
Quando a pessoa vai se despedir para ir embora, ele continua de cabeça baixa e não dá a pata para o “tchau”. E não é apenas isso. Depois de dias, quando a pessoa volta á casa para uma visita, ele ainda continua “emburrado” e não corresponde ao cumprimento.
Só depois de muito carinho, paciência e atenção, ele “fica de bem”, olha, dá a pata e brinca. Parece uma criança fazendo birra para conseguir atenção.
Mas, outro dia eu senti uma grande tristeza e dor no coração desse querido cachorro Tigrão. Cheguei e fui ao quintal cumprimentá-lo como sempre, e, quando ele olhou para mim, senti seu olhar profundamente triste e dolorido no corpo e no coração (sentimento).
Ele estava sofrendo como uma pessoa que tem compaixão pelo próximo(e não são todas) sofre. Tigrão falou com seu olhar que estava sofrendo, que queria colo, um abraço e paz para o seu coração e para o coração de todos daquela casa.
Fiquei impressionada e emocionada com a sensibilidade do Tigrão, que ama tanto as pessoas dessa família, que sente tristeza e preocupação, pelo momento difícil pelo qual estão passando.
É amor, compaixão, carinho, um modo de “dizer”, de demonstrar que ele está ali, presente, junto deles para ajudá-los, mesmo que seja apenas para dar a pata ou abanar o rabo, que corresponde a um enorme carinho e atenção.
Os animais nos dão muitos exemplos de amor, companheirismo, respeito ao próximo, muito mais verdadeiros, sem cobrança, sem falsidade, do que muitas pessoas, porque eles demonstram com seu coração e suas atitudes.
A compaixão pode ser partilhada apenas com um olhar, um abraço, um beijo, uma palavra que significam : eu estou aqui, pode contar comigo.
É isso que eu senti e sinto quando estou com Tigrão, o amigo para todas as horas.
Que bom seria se mais pessoas tivessem essa sensibilidade e esse amor gratuito para ajudar a tantas outras que sofrem, não necessariamente com dinheiro, bens materiais, mas com um olhar, um abraço, um sorriso, como o Tigrão ...
Texto de Terezinha Cattai
Lição da minhoquinha
Sou apenas uma pequena minhoca que nasceu e vive num monturo de esterco. Nem cresci ainda. Conheço muito pouco da vida. Sei que não posso enfrentar o forte calor do sol (afinal não tenho pele que resista a isso.
Vou vivendo, minhocando e “saboreando” o esterco, transformando-o em nutriente tão necessário à terra cultivável. É o que me cabe.
Não tenho cérebro, nem pretendo ter alma. Isso é lá para os seres mais desenvolvidos, para o meu “parceiro bicho-homem ! Como se ufana de seus predicados : enfeita-se como um pavão; canta de galo, diz-se forte com um touro; nada como um peixe; tem memória de elefante; curioso como um macaco ; bebe como um gambá; come como um porco.
Mas, acima de tudo, comparo-o a um grande asno, pois tenta destruir o mundo em que vive, a natureza que o sustenta e a água que é essencial á sua vida!
Eu, eu sou apenas uma pequena minhoca, uma minhoquinha integrada à grande cadeia da vida. Os meus dias vem e vão, o sol nasce e se põe. Eu aqui estou “plantada” no meu habitat, vivendo um dia após outro, sem tentar quebrar nenhum dente da grande roda da vida!
Texto de Licia Monaco Perin
Os olhos como sentinelas
Se falarmos aqui sobre nossos olhos , podemos falar de sentinelas treinadas para observar intencionalmente tudo ao nosso redor.
Mas, eu aqui quero lembrar olhos sentinelas dos chamados animaizinhos “irracionais” .
Gosto muito de todos os animais. Observando-os, vejo exemplos e posso aprender , incluindo os bichinhos dos matos e jardins, por exemplo; as formigas com suas tarefas e organização, as aranhas e suas lindas teias.
Em casa eu já tive: tartaruga, cágado, patinho, macaquinho, porquinho da Índia, viveiro de pássaros, além de gatos e cachorros. Lembro-me dos pastores Ringo, Rolf e Dolly,Mambo e Rekka; o boxer Max; dos pequineses Cherry, Charles e Puppi; incluindo muitos viralatas recolhidos das ruas : Nina, Tifi, Cara-Feia, Fofinha e outros. As últimas duas Dachshound ou vulgarmente chamadas “salsichinhas” Trudi e Kika. Além das gatas Chary, Muschi e Mitzi-Mau.
Quando há vários animaizinhos juntos, eles divertem-se entre si. Nos vigiam com seus olhares principalmente na hora das refeições ou quando recebem tratamento.
Mas ...
Há três anos Kika ficou sozinha. Observo como ela convive mais comigo e me observa em meus afazeres. Ela tem quase catorze anos, está bastante lenta pois é cardíaca. Não gosta mais de latir, mas fala com os olhinhos espertos. Quando toca a campanhia, ela vai até a porta e olha para mim aguardando, se eu demoro, ela vem me buscar.
Após minha refeição, se me dirigo para a pia para lavar a louça, ouço : “au au”. Kika está sentada no lugar de seu prato, com o corpo ereto e rígido, feito estátua a me encarar com o olhar fixo até atendê-la. Com certeza ela quer dizer: “e eu, não vou comer?”
Varrendo as folhas no quintal, ela me acompanha. Se cai uma outra folha onde eu já varri, ela vai até a folha, pára, e com olhar fixo me encara até que eu volte para recolher esta folha também. Contente ela se afasta, abanando o rabinho.
Se a noite, quando vou me recolher, não apago a luz do corredor antes de entrar no quarto, ela senta debaixo do interruptor e não entra comigo para dormir. Seus olhinhos me dizem : “Você esqueceu a luz acesa. “
Observando estas atitudes de um cãozinho tão pequenino, me atrevo a afirmar que os olhos de um bichinho “irracional” também atuam como sentinelas.
Texto de Hedi Duarte
O homem e seus relacionamentos
A vida é muito interessante. Nascemos e nos relacionamos com o mundo através da família. Necessitamos da presença de nossos pais para nos desenvolvermos e crescer, convivendo e precisando nos relacionar.
O homem não vive isolado. Ele se posiciona em comunhão com tudo e todos que os cercam. Os animais são grandes companheiros e nos afeiçoamos a eles com carinho e notamos que os cães fazem nossos sentimentos aflorarem. A retribuição de carinho é recíproca.
O animal sente falta de seu dono. Vemos muitas vezes o cão defendendo as crianças, que são muito apegadas á eles. Quando se perde um animal ou o mesmo foge, muitas crianças ficam doentes. Ouvimos sempre nos meios de comunicação a procura por cão perdido.
O relacionamento com o cão é tão profundo que falamos com o animal e ele nos entende. É considerado amigo do homem e muitas pessoas os tem como guarda, não só da casa, como também guarda pessoal.
Os cegos muitas vezes os usam como seu guia, conduzindo-os para o serviço, acompanhando-os no trânsito, trem, ônibus e outros meios de transporte.
A vida já nos mostrou que muitas vezes é preferível confiar num cão , do que em seres humanos.
Este relacionamento entre homem e cão é muito profundo, pois até mesmo os indigentes tem um companheiro para seu conforto. A solidão nos faz nos relacionarmos com o que está mais próximo e nos dá segurança.
Assim vemos que o cão, é muito importante para fazer a parte emocional aflorar.O cão é o amigo verdadeiro do homem.
Texto de Maria do Carmo Messetti
Além das aparências
Pássaros, em geral me atraem pelo canto mavioso ou pela bela plumagem.
Em determinadas horas do dia, posso observar bem-te-vis que vem, com frequência, ao meu quintal. Gosto de ouvi-los quando cantam quase próximo de onde estou, podendo assim melhor admirar a beleza de suas cores vibrantes. Muitas vezes, mal dirijo o olhar para os pássaros mais comuns, que descem até ao comedouro do “Popó”, nosso cachorro, que nem se importa em dividir sua ração com eles.
Isso acontecia até que encontrei um pequeno pardal, o mais comum dos pássaros que, por causa de uma de suas asas machucadas, não podia voar. Observando-o melhor, fiquei admirada com sua beleza. As costas eram lindas, de uma magnífica cor castanha com listras pretas; as asas marrons possuíam encantadora faixa branca, a cabeça era cinza , o peito e o abdômen eram macios e brancos.
Como pés tão delicados os sustentavam num galho, esse passarinho de aspecto tão frágil, durante as ventanias mais forte?
O débil pulsar do seu coração levou-me a traçar um paralelo entre as características de tal ave com as nossas, seres humanos, que muitas vezes julgamos as pessoas pela aparência.
Os ventos frios da indiferença, da insensibilidade, do egoísmo, da violência, do preconceito racial, da injustiça social, da manipulação dos poderosos, não param de soprar e transformam nosso coração em blocos de gelo. Para nos proteger, nos isolamos. Mais do que nunca é preciso aquecer a existência e descongelar o coração, liberar calor humano em forma de afeto, apoio, amor, atenção e outros sentimentos necessários à vida.
Temos o poder de dar significado aos nossos semelhantes. Podemos tirá-los do meio da multidão e ajudá-los fraternalmente. Pessoas caídas, fragilizadas, precisam de uma palavra amiga. Usamos as palavras com tantas imprecisões, com desperdício, que na hora certa, ficamos calados, economizando ternura e elogios sinceros.
A sociedade dos vitoriosos, impedem o acolhimento das pessoas “diferentes”. Define-se quem tem ou não tem importância pelo dinheiro, pela beleza, pelo poder, esquecendo-se de que as aparências enganam.
Texto de Silvia Galvani
Sermão... aos peixes
Aqui em casa, cômodamente instalada em uma poltroninha, faço um Sermão aos Peixes.
Todos me olham, com muita atenção, olhinhos muito arregalados. MUDOS e sem perderem uma única palavra daquilo que lhes digo. A platéia compõem-se de:
CORUMBÁS – TABARÃNAS – SARDINHAS DE ÁGUA DOCE – JOANAS – DOURADOS – TILÁPIAS DO NILO – CASCUDOS – TINHÁS – LAMBARÍS – TUVIRAS – PIAVAS – CASCUDO-VIOLAS – XAMBO – RÊS – TAMBOATÁS – PIARARAS – BAGRES – ACARÁS – PIAUS DE TRES CINTAS – PIRAMBÉBAS – TAMBIÚS – MANDIS-CHORÃO – MANDÍS – PIRANHAS !!!
Eu lhes digo :
“Se vocês não fossem tão distraídos e usassem mais o olhar atento, não teriam caído na rede de espera, de um Tecnólogo, chamado Willy Werner, que estava dentro do Rio Corumbataí, fazendo uma pesquisa ...
Queridos peixinhos : Durante quatro anos, de 15 em 15 dias, ele, com mais dois auxiliares, passavam os fins de semana nessa pesquisa ...
Queridos peixinhos; que agora em F O R M Ó L , olhais para mim com tanta atenção, eu, mãe desse Pesquisador, vos agradeço a gentileza, de terem se deixado apanhar, contribuindo, dessa maneira, para que ... Willy Werner Grassmann Bóbbo, se tornasse ESPECIALISTA em BIOGEOGRAFIA, pela UNESP.
Obrigada, queridos e belos peixinhos !!!
Pelo menos, vocês não foram simplesmente parar na barriga de alguém, mas sim, prestaram, sem o saber , um grande e importante serviço ...
NOTA IMPORTANTE:- As palavras PEIXE e PEIXINHO, são mencionadas na BÍBLIA SAGRADA, 20 vêzes !! Exemplo : GÊNESIS 1 :26 “Também disse DEUS: Façamos o HOMEM a nossa imagem; conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os PEIXES do mar, sobre as AVES do céu, sobre os ANIMAIS DOMÉSTICOS, sobre a TERRA e sobre todos os RÉPTEIS que rastejam sobre a TERRA ... “
Meu amigo Calopsita - Kalu
Ele é um pássaro muito observador. Seu nome é Kalu.
Seu comportamento:
Quando êle está descansando ou relaxando, fica empoleirado com uma perna no poleiro. Nesta posição, aproveita para tirar uma soneca. Quando ele abaixa a cabeça, representa a confiança que êle deposita em mim, para receber carinho. Quando sua crista está em posição normal, significa que Kalu está relaxado e calmo; crista erecta, significa atenção; se o penacho estiver abaixado, significa que ele está concentrado ao que está em seu redor.
Kalu range o bico, sinal que está feliz, mas quando grita com freqüência, frenéticamente, significa que está se sentindo sozinho, ou, que quer sair da gaiola, ou está com medo, ou fome, ou estressado. Êle se comunica através de trejeitos, gritos ou assobios, etc.Quando está espreguiçando, está se descontraindo, está dando boas vindas, está alegre.
Algumas vezes noto que suas asas estão bem abertas, com o corpo para baixo, batendo as asas para voar. Quem sabe, tenha vontade de fugir para ser livre.
Seu comportamento precisa ser respeitado, inclusive as horas de sono que são preciosas (ao cair da tarde até a manhã seguinte).
Não irrito meu calopsita para não estressá-lo, o que culminaria em doenças.
Aprendi que são os machos que assobiam, cantam e podem até imitar palavras. Êles são mais vocalizados. Kalu canta o início do Hino Nacional, assobia, imita palavras com facilidade, mas não forcei seu aprendizado.
Êle é uma ave granívora, isto é, tem o ato em si de descascar as sementes com o bico. Sua alimentação consta de verduras, frutas, sementes, farinha de ovo e suplementos vitamínicos.
Não é toda hora que Kalu está disposto para uma brincadeira, um carinho, Sua privacidade precisa ser respeitada, principalmente ao cair da tarde.
Meu calopsita é bem tratado : conservo sua gaiola limpa, seu bebedouro sempre com água fresca, dou-lhe boa alimentação e trato-o com respeito e carinho. Apesar de viver engaiolado, ele é um pássaro saudável.
Kalu é meu amiguinho. Eu cultivo esta amizade!
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