quarta-feira, 22 de setembro de 2010
O príncipe e a andorinha
Conto de fadas recontado por Licia M. Perin
Há muito tempo num reino muito distante, houve um príncipe querido por todos os seus súditos. Justo e humano, governava democraticamente.
Para tristeza de seu povo, aconteceu dele morrer prematuramente. Desolados, os habitantes do lugar ergueram , no ponto mais alto do reino, uma estátua de metal riquíssima, toda cravejada de jóias, para que ele nunca fosse esquecido. Conseguiam enxergar o monumento de qualquer lugar que estivessem ... e sentiam orgulho por terem tido um governante tão justo, ético e voltado as necessidades de seu povo !
O tempo foi passando ... Mudando os governantes, alterando a forma de vida, empobrecendo a todos e trazendo a miséria para os moradores do reino.
Certo dia, uma andorinha migratória separou-se de seu bando, desviando-se da rota encetada pelo milagre que conduz os pássaros de um continente para outro, guiados por um “radar” que só pode provir de alguém muito maior ...
A andorinha entendeu que o alto da copa do chapéu da estátua do príncipe, seria aconchegante e segura. Fez ai seu ninho.
Todas as noites, ao retornar de sua busca por alimento, conversava com o príncipe:
____ Andorinha, vejo ao longe, uma casinha com crianças passando fome. Por favor, leve até eles uma esmeralda que enfeita minha túnica.
Noite após noite o pedido se repetia. A andorinha reclamava :
____ Príncipe, preciso ir-me embora. O inverno se aproxima. Logo não conseguirei alcançar meu bando !
Mas, o pássaro não resistia aos pedidos misericordiosos do ex-governante e repetia seu gesto, levando outras pedras preciosas aos lares miseráveis.Então, as pedras terminaram.
Passando pelo local, os nossos governantes acharam inútil manter o antes belo monumento e decidiram pô-lo abaixo.
____ Para que conservar uma estátua sem razão de ser , feia e velha ... Passem um trator nela !
Quando derrubaram o monumento, encontraram dentro dele um coraçãozinho partido e no chão ao lado, o corpinho inerte de uma andorinha morta!
Observação da contadora:
Li esta histórinha quando tinha 8 anos e chorei pela andorinha e pelo jovem governante, solidários com a pobreza, doando a própria vida por outrem. Hoje, aos 80anos, volto a me comover com esta história, chorando na profundeza do meu ser ao ver que nada mudou. Os exemplos de amor quase sempre são esmagados por máquinas de incompreensão e as criaturinhas indefesas, sucumbem na brutalidade do egoísmo.
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